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Os carros elétricos conquistaram uma fatia próxima de 1% do total de vendas de carros no Brasil em 2023. O volume comercializado no ano passado, de 19.310 unidades, mais do que dobrou na comparação com 2022, quando 8.458 veículos foram negociados no mercado doméstico. Os dados são da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Apesar do número ainda baixo, os elétricos começam a ganhar tração no país. Segundo a Anfavea, as vendas devem ficar próximas de 24.100 unidades em 2024 e alcançar uma participação de 1,04% entre todos os carros vendidos no território nacional.
Apesar do avanço e do interesse do brasileiro nos modelos, a eletrificação total da frota ainda é uma realidade distante. Há no país baixa infraestrutra para receber os veículos.
Além disso, diversas montadoras apostam que o país não deve ter pressa, pois já conta com um mercado robusto de etanol, que combinado com os veículos elétricos nos modelos híbridos atende melhor a demanda brasileira.
Apesar de o Brasil ter uma matriz elétrica limpa, que torna os carros elétricos realmente viáveis no sentido da descarbonização, as montadoras enxergam que a mescla com carros híbridos a etanol é uma alternativa mais segura para um país que historicamente tem dificuldades em modernizar sua infraestrutura.
Essa tendência de rever as projeções das vendas de carros elétricos e adaptá-las às conjunturas do país não é exclusividade do Brasil. Segundo estudo feito pela consultora KPMG, executivos do mercado automobilístico internacional estimavam que os carros elétricos poderiam conquistar uma fatia de até 70% do setor até 2030. Atualmente, a avaliação é que essa porcentagem fique entre 10% e 40% até o final da década. Leia a íntegra do estudo (PDF – 3 MB, em inglês).
Os executivos consultados destacaram 3 países responsáveis pela redução nas projeções: Brasil, Índia e Japão. A maior causa para uma dificuldade de adesão dos carros 100% elétricos no Brasil foi a cultura de biocombustíveis, que faz com que o país não fique afobado na descarbonização automotiva.
Para a Índia, os especialistas sinalizaram que as projeções no país recuaram por causa da baixa infraestrutura para acomodar os veículos. Já o Japão foi citado como um país que optou por uma transição voltada ao híbrido e por outros fintes além das baterias elétricas.
A eletrificação total da frota também preocupa pelas incertezas que traz no descarte das baterias de lítio e na revenda de carros usados. Isso porque o mercado de revenda é praticamente inexistente devido à vida útil limitada da bateria e o descarte dos veículos não é tão simples quanto o de celulares que utilizam o mesmo tipo de bateria.
Segundo a KPMG, o Brasil é um dos poucos países que estão inseridos em um contexto que não é necessário acelerar a eletrificação, ao mesmo tempo em que o planeta avalia todos os impactos da transformação.
Fonte: Poder 360