Vale e Petrobras podem ancorar demanda por hidrogênio verde no Brasil

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Portal EPBR

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, destacou, nesta quarta (22/11), que a empresa, maior consumidora individual de energia no Brasil, poderia garantir a demanda por hidrogênio verde nacional com a produção de aço verde e consumo de biocombustíveis na sua frota.

Já Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, reiterou a possibilidade da companhia utilizar o hidrogênio verde, produzido por ela mesma, para descarbonizar suas atividades no refino.

Recentemente, as empresas assinaram um protocolo de intenções voltado para o desenvolvimento de soluções de baixo carbono, como hidrogênio, metanol verde, biobunker, amônia verde e diesel renovável — e de tecnologias de captura e armazenamento de CO2.

“Se quisermos zerar e fazer o famoso aço verde, não tem como não ir com o hidrogênio (…) Nossa relação com Jean Paul da Petrobras advém dessa possibilidade”, disse Bartolomeo.

No ano passado, a Vale deu início aos projetos dos complexos industriais — batizou de megahubs — no Oriente Médio, para produzir o hot briquetted iron (HBI) e produtos siderúrgicos com emissões reduzidas de carbono.

Segundo o executivo, a escolha do Oriente Médio como local para os megahubs se deu por conta do preço altamente competitivo do gás natural. Entretanto, ele acredita que o hidrogênio verde pode ser capaz de viabilizar a instalação desses centros no Brasil, pulando o gás natural.

“Temos uma visão muito específica em relação ao Brasil. Qualquer estudo, e tivemos essa conversa com a Petrobras, mostra que o Brasil vai ser disparado o país mais competitivo em hidrogênio”, acredita Bartolomeo.

“O Brasil é um hotspot de hidrogênio e a Vale pode ancorar essa demanda, e juntamente com a Petrobras nem se fala (…) Se fôssemos abastecer somente os navios que controlamos, significaria 18% da matriz energética brasileira. São mais ou menos 18 GW de energia”, completou.

Descarbonização no refino

Atualmente, a Petrobras representa o maior consumidor de hidrogênio cinza — de origem fóssil — do país, utilizado em refinarias de combustíveis. Anualmente, a empresa produz 500 mil toneladas de hidrogênio fóssil, e estuda substituí-lo por hidrogênio renovável (biomassa e eletrólise) nos seus processos de refino.

“Provavelmente somos pioneiros em pensar projetos de hidrogênio com offtakers brasileiros. Somos nós mesmos para começar”, disse Jean Paul Prates.

Segundo ele, a Vale e a Petrobras podem dar os primeiros passos para diminuir as incertezas em relação ao preço e à demanda do hidrogênio verde no Brasil.

“Vamos trabalhar para dirimir essas incertezas, termos preço e escala, e a capacidade que esses offtakers principais sejam nós mesmos”, afirmou.

Prates também lembrou da importância dos projetos eólicos offshore em estudo pela Petrobras, para viabilização do hidrogênio verde. A companhia entrou com pedido de licenciamento ambiental de 23 GW e estuda outros 14 GW em parceria com a Equinor.

“É importante falar em projetos eólicos offshore agora (…) O upstream desse processo (produção de hidrogênio verde) é necessariamente eólica offshore junto das plantas de hidrogênio”.

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