Taxa zero do etanol importado tem pouco impacto, mas indústria do Brasil protesta

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A isenção de tarifa de importação anunciada na véspera pelo governo brasileiro para etanol, açúcar e óleo de soja é avaliada neste primeiro momento como inócua para negócios e teria motivações mais políticas, com o Brasil buscando alternativas para uma alta nos preços das commodities e efeitos da guerra na Ucrânia, segundo analistas.
Mas associações de indústrias locais atingidas pela medida, inclusive a do café torrado e moído, protestaram contra o movimento do governo. Representantes do setor de óleo de soja destacaram que os preços das commodities são globais, e que a produção brasileira vai crescer este ano com aumento do processamento, apesar da quebra de safra.
No caso do etanol importado, o cálculo da arbitragem, mesmo com tarifa zero, indica que o produto importado ainda chegaria 8% a 10% acima do preço doméstico. E a entrada da safra de cana do centro-sul em abril tende a pressionar as cotações no país, limitando ainda mais qualquer janela para compras externas.

“Estamos às vésperas do início da nova safra, em que o preço vai cair, a nossa estimativa é que a arbitragem fique fechada mesmo com tarifa zero”, afirmou à Reuters o presidente da Datagro, Plinio Nastari, acrescentando que o etanol já é mais competitivo que a gasolina nos principais Estados produtores do Brasil.
No anúncio da isenção da tarifa, o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, disse que estimativas apontam que a redução de 18% a zero da tarifa do etanol poderia reduzir em 20 centavos o preço do litro da gasolina na bomba.
Mas Nastari apontou ainda outras dificuldades para efetivação de negócios, como fatores sazonais nos Estados Unidos, o país que teria etanol para exportar ao Brasil.

“Tem o início da demanda de verão nos Estados Unidos, aumenta o consumo de gasolina e os preços sobem, com o aumento da gasolina, o preço do etanol também sobe. Além do efeito da guerra da Ucrânia (nos preços de combustíveis), tem um fator sazonal que é o período de verão dos EUA”, acrescentou Nastari.
O analista Júlio Maria Borges, da JOB, concorda. Segundo ele, o etanol dos EUA “está caro”. “O imposto zerado não deve ter efeito no curto prazo”, disse ele, ressaltando que a janela de importação está fechada.
Para Nastari, da Datagro, a tendência é que a competitividade do etanol brasileiro frente à gasolina aumente nas próximas semanas, com queda do preço ao produtor, com a chegada da safra. Para ler esta notícia, clique aqui.

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