CNN Brasil
Presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa afirmou em entrevista à CNN acreditar que o Brasil pode, com a expansão anunciada na refinaria de Abreu e Lima, voltar a ser autossuficiente em diesel. Para ele, porém, isso não resultaria na queda de preços do combustível ou da cadeia ligada ao setor.
“Já fomos autossuficientes, e se continuarmos investindo, a médio prazo, voltaremos a ser. Mas isso é um projeto que está sendo colocado em prática agora, fazendo as licitações. Para aumentar a capacidade de Abreu e Lima, vai levar quatro ou cinco anos”, disse.
A Petrobras anunciou que as obras em Abreu e Lima, em Pernambuco, vão aumentar a capacidade de produção da estatal em 13 milhões de litros diários de diesel S10.
A expansão, somada ao aumento do uso do diesel R, de origem vegetal, e a gradual elevação da mistura de biodiesel no diesel, levaria o país à autossuficiência no combustível.
A avaliação de Costa é de que, mesmo que a autossuficiência fosse alcançada e o governo desejasse interferir na política de preços, o mercado não aceitaria que a empresa, de capital aberto, praticasse preços inferiores aos internacionais e faria pressão.
Todavia, o presidente da CNT diz que aumentar a produção nacional de diesel diminuiria a volatilidade nos preços do combustível. Ou seja, permitiria à Petrobras acomodar altas do mercado internacional e usar as baixas para formar um “colchão”.
“Durante um período no ano passado, tivemos o diesel acima do preço de mercado, acumulando gordura para, quando tiver alta nos preços, queimá-la. A política que enxergo na Petrobras é de praticar preços de mercado com baixa volatilidade. Isso é o que eu interpreto de abrasileirar os preços”, disse.
A Petrobras planeja investir de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões na ampliação da capacidade de processamento de petróleo da Rnest. O investimento faz parte do Plano Estratégico 2024-28 e também está previsto no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
A expansão de Abreu e Lima deve gerar 30 mil empregos diretos e indiretos, segundo estimativa da Petrobras.
A construção da refinaria pernambucana foi investigada pela Operação Lava Jato, que indicou o superfaturamento de contratos e o desvio de recursos da obra. O projeto foi concluído com valor muito superior ao inicialmente previsto.