EPBR
Lançado esta semana, o Registro Global de Combustíveis Fósseis mostra que produzir e queimar as reservas mundiais renderia mais de 3,5 trilhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa.
O volume é mais de sete vezes o orçamento de carbono restante para o limite de 1,5°C de aumento da temperatura global e mais do que todas as emissões produzidas desde a revolução industrial.
O IPCC (painel de cientistas da ONU) alerta que, se as economias globais não entrarem em uma rota de descarbonização mais agressiva, o mundo pode ficar 1,6ºC mais quente em 20 anos; e esquentar 2,4ºC até meados do século.
Embora seja pouco provável que todo esse óleo, gás e carvão seja explorado, os dados de emissões servem para subsidiar decisões de empresas e governos em relação a novos projetos.
“O Registro Global tornará os governos e as empresas mais responsáveis ??por seu desenvolvimento de combustíveis fósseis, permitindo que a sociedade civil vincule as decisões de produção às políticas climáticas nacionais”, explica Mark Campanale, fundador do Carbon Tracker, iniciativa por trás da plataforma.
“Da mesma forma, permitirá que bancos e investidores avaliem com mais precisão o risco de ativos específicos ficarem encalhados”, completa.
O objetivo é pressionar a redução da oferta de fósseis, já que, até o momento, a maior parte dos esforços climáticos se concentra na demanda e consumo.
O registro contém dados para mais de 50 mil campos em 89 países, cobrindo 75% da produção global.
Entre outras coisas, mostra que os Estados Unidos e a Rússia possuem reservas de combustível fóssil suficientes para estourar todo o orçamento global de carbono, mesmo que todos os outros países cessassem a produção imediatamente.
Dentre os 50 mil, o mais intensivo em emissões é o campo de petróleo de Ghawar, na Arábia Saudita, que emite aproximadamente 525 milhões de toneladas de carbono a cada ano.
A Carbon Tracker Initiative também trabalhou com a Extractive Industries Transparency Initiative (EITI) para comparar as emissões geradas pela produção de combustíveis fósseis e os impostos pagos pelas empresas produtoras em 20 países membros da EITI.
E concluiu que há uma grande discrepância nos impostos por tonelada de emissões, com o Iraque gerando quase US$ 100 em impostos por tonelada de emissões, em comparação com pouco mais de US$ 5 por tonelada no Reino Unido.