Reajuste de 8,8% no valor do combustível para as distribuidoras deverá chegar em até 5% nos preços dos postos do país
R7 Notícias
A Petrobras anunciou nesta segunda feira (9) o reajuste de 8,8% no valor do diesel nas refinarias, que será válido a partir desta terça-feira (10). Com o novo aumento, o valor do diesel soma 49% de alta nos últimos 12 meses e pressiona a inflação.
Diretamente, o reajuste não impactará muito o preço nas bombas, mas mesmo assim o efeito inflacionário preocupa. ‘O diesel pesa cerca de 0,5% no IPCA [índice oficial da inflação], então em termos de impacto direto no índice é pequeno. Mas o grande problema é o efeito espalhamento, na difusão da inflação que isso causa’, explica o economista Matheus Peçanha, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia).
Peçanha explica que o efeito do espalhamento se deve à importância do combustível em diversos setores da economia. O diesel é componente importante da linha de produção de diversos setores, então teremos um impacto disso muito maior no espalhamento. Isso acontecerá desde os alimentos, porque o diesel é usado como combustível nas máquinas agrícolas e nos transportes via caminhões desses produtos.
Além disso, segundo o economista, terá efeito no transporte público, porque é usado como combustível para vans e ônibus, além de outros setores industriais, já que praticamente todos despacham os produtos por caminhões, então veremos o aumento do frete.
“Esse é o principal efeito do aumente do diesel. Esse aumento vem na esteira de aumentos sucessivos que já acumulam mais de 50% no acumulado dos últimos 12 meses, então tudo isso é uma bomba para a inflação, que já está espalhada”, avalia Peçanha.
Apesar de o número representar uma desaceleração (da melhora da inflação), ainda é uma notícia ruim, de acordo com o pesquisador, porque esse reajuste estava represado nos últimos 50 dias, o que indica que a Petrobras continuará repassando os valores.
“Enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia durar, não sabemos o que vai acontecer, a gente espera que o (preço) do petróleo continue subindo. Então, por mais que tenha desacelerado o indicativo, a perspectiva é de que o custo siga pressionado e podemos ver nova aceleração ou manter nesse patamar, mas o preço continuará acelerando, seja em ritmo mais fraco ou mais forte. No acumulado, continuaremos sofrendo com o reajuste dessa matéria-prima tão importante e que causa tanto estrago na difusão da inflação”, concliu Peçanha.