Raízen atrai fundo de transição energética em IPO com pegada sustentável

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O Estado de S.Paulo

A Raízen, sociedade entre Cosan e Shell, está conseguindo atrair a atenção de grandes fundos internacionais para sua abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), por conta da pegada em energia limpa. Apesar do barulho e da imagem ruim do País no exterior, em decorrência das políticas ambientais do governo Bolsonaro, os estrangeiros não estão evitando ou penalizando aplicações em empresas brasileiras. Ao contrário. A leitura é que, caso o Brasil seja deixado à própria sorte, os danos ao meio ambiente tendem a aumentar. Isso sem contar, é claro, com as perspectivas de ganhos com papéis de empresas locais.
Assim, além dos investidores globais dedicados a emergentes, também estão de olho na operação fundos estrangeiros especializados em energia e gestores com temáticas ainda mais específicas, voltados apenas à transição energética de matriz fóssil para renovável.
Os ativos desses fundos de transição energética estão crescendo nos EUA e na Europa e já superam US$ 200 bilhões. Entre as gestoras mais ativas, estão Schroder, BNP Paribas, Invesco, Robeco, Storebrand e WHEB Asset Management. Uma dos mais conhecidos é a Generation Investment Management, que tem entre seus fundadores Al Gore, vice-presidente dos EUA na gestão Clinton.
Temática ESG
Há ainda outro grupo de investidores aos quais os bancos estão apresentando a operação: o dedicado à temática ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança). A Raízen pode fazer o maior IPO do ano no Brasil, com oferta acima de R$ 8 bilhões. A empresa tem ressaltado nas apresentações a investidores sua pegada “carbon free”, buscando valer até US$ 20 bilhões.
O exemplo mais lembrado lá fora para comparar a empresa é a gigante finlandesa de energia Neste, que tem em sua base de acionistas grandes investidores financeiros, como os dinamarqueses do Danske Bank e Nordea, e vários fundos de pensão.
A grande maioria dos investidores especializados são estrangeiros, pois no Brasil não há esse grau de profundidade temática entre os compradores de ações. À medida em que a indústria local de fundos crescer, deverá aumentar no País a busca por temas específicos para aplicações. Mesmo sem a especialização vista lá fora, investidores locais também estão olhando de perto a operação, que já teria demanda mais que suficiente para fechar o livro de ofertas.

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