Fonte: O Globo
A produção de petróleo da Petrobras caiu 3% no primeiro semestre, o que levou a companhia a revisar sua meta para o ano. A estatal reduziu sua projeção para a produção de 2,8 milhões para 2,7 milhões de barris de óleo equivalente (extração de petróleo e gás), com variação de 2,5% para mais ou para menos. Os dados desagradaram ao mercado, e as ações da Petrobras tiveram a maior queda do pregão. Os papéis ordinários (ON, com voto) recuaram 3,12%, a R$ 28,54, enquanto os preferenciais (PN, sem voto) caíram 2,79%, a R$ 26,14. É a primeira vez que a Petrobras r27eduz a meta de produção, depois de cumprir por quatro anos consecutivos o patamar projetado.
— A redução da meta foi pequena, mas a reação do mercado foi exagerada, especialmente em um momento de boas notícias para a empresa, que vendeu o controle da BR Distribuidora. Os investidores aproveitaram para vender os papéis em um dia de mercado fraco — afirmou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Wealth Management. Na última quinta-feira, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, informou que a Petrobras já levantou este ano US$ 15 bilhões com a venda de ativos e que novas operações estão por vir. A próxima na fila seria a venda da Liquigás, distribuidora de botijão de gás.
Venda de combustível cai
A companhia passou a divulgar dados de produção a cada trimestre. Em seu primeiro relatório neste formato, ela informa que o total de petróleo produzido de abril a junho ficou em 2,052 milhões de barris por dia, queda de 0,5% em comparação a igual período do ano anterior. Ao incluir nesta conta a extração de gás, a produção no período soma 2,553 milhões de barris de óleo equivalente, um recuo de 0,4% em relação ao segundo trimestre de 2018. A queda na produção foi resultado da venda de ativos, das paradas programadas de plataformas e do menor volume de petróleo extraído em terra, águas rasas e campos do pós-sal (águas profundas e ultraprofundas). “A meta revisada é suportada pela resolução dos problemas de comissionamento das plantas de gás nas plataformas de Búzios, que já resultaram em melhora operacional em julho, com a produção média retornando ao patamar de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia, e pelo replanejamento da eficiência operacional e do cronograma de entrada de novos poços em Búzios, tomando por base os resultados até então obtidos”, explicou a estatal em nota.
De outro lado, a produção no pré-sal deu um salto de 12,7% no primeiro semestre. Assim, ele já corresponde a 57% do total produzido pela estatal.
Para Magda Chambriard, consultora da FGV Energia, é necessário aumentar os investimentos em campos maduros, como os da Bacia de Campos, que ainda respondem por 39% da produção nacional. Na avaliação de Magda, a queda vem ocorrendo em ritmo muito acelerado. Ela cita o Campo de Marlim, que, no auge da produção, em 2002, chegou a 640 mil barris de petróleo por dia. Em maio deste ano, ele estava na faixa de 86 mil barris por dia.
— É preciso aumentar a intervenção de poço, colocar mais sondas e investir em tecnologia para aumentar o fator de recuperação. A Bacia de Campos tem muitas áreas gigantes para ter uma queda tão elevada de produção em um período tão curto —disse.
Na venda de combustíveis no mercado interno, a companhia registrou queda de 7,8% nas vendas de gasolina e diesel. Segundo a Petrobras, isso foi resultado da perda de participação da gasolina para o etanol hidratado em veículos flex, com redução da relação de preços médios entre álcool e gasolina. No segundo trimestre, a empresa teve alta de 3,3% na comparação com abril a junho do ano passado. Segundo a Petrobras, o avanço ocorreu devido à expansão da demanda a preços mais competitivos. A companhia afirma, porém, que a paralisação dos caminhoneiros em maio de 2018 afetou negativamente o consumo e as entregas de produtos no segundo trimestre do ano passado. Apesar do avanço nas vendas, a fatia da Petrobras nesse mercado teve uma pequena queda, passando de 83,2% para 82,7%.