Preços do etanol disparam na usina por atrasos em colheita e forte demanda

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Fonte: Reuters

Os preços do etanol no Brasil saltaram até 15 por cento na semana passada, maior ganho semanal desde 2010, à medida que a forte demanda das distribuidoras de combustível antes do feriado nacional se somou às reduzidas ofertas das usinas, que estão iniciando a colheita da nova safra de cana-de-açúcar mais lentamente.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, os preços médios na última semana para o etanol hidratado no Estado de São Paulo, maior mercado de combustível do país, foram de 1,896 reais por litro (pagos ao produtor, antes de impostos), 15,07 por cento acima da semana anterior.
A oferta de etanol estava em baixa “por conta de chuvas em boa parte do Estado de São Paulo”, informou o Cepea em nota, acrescentando que “distribuidoras fizeram grande parte de suas aquisições no início da semana... para atender a vendas pré e durante o feriado.”
As chuvas das últimas semanas na maioria das regiões produtoras de cana prejudicaram a colheita, reduzindo a produção no início da nova temporada. Também houve casos de usinas que aguardavam por um melhor desenvolvimento da cana antes de começar o processamento.
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Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, disse à Reuters que os estoques de etanol no centro-sul do país, amplos no período da entressafra, de dezembro a março, caíram rapidamente devido à alta demanda pelo etanol, mais barato que a gasolina, cujos preços seguem subindo.
“Houve um aperto. Mesmo com muitas usinas operando 24 horas, elas não podem atender o aumento da demanda”, disse ele.
João Paulo Botelho, analista de açúcar e etanol da INTL FCStone, afirmou que os valores da gasolina avançaram 15 por cento em um mês nas refinarias, ampliando ainda mais a diferença de preço para o etanol.
Ele espera que a situação persista, uma vez a Petrobras ainda possui alguns aumentos no preço da gasolina para fazer.
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Nastari disse que a situação provavelmente levará as usinas a favorecerem amplamente o etanol em relação ao açúcar quando definirem as estratégias de produção.
As usinas possuem certa flexibilidade para variar entre etanol e açúcar, dependendo dos preços. Elas alocaram uma mínima recorde de 35 por cento da cana para a produção de açúcar na última safra, por conta dos baixos preços globais do adoçante.
A Datagro estima que em 15 de abril, por exemplo, o etanol dava às usinas um retorno em vendas equivalente ao açúcar precificado a 15,32 centavos de dólar por libra-peso, valor muito abaixo dos atuais contratos futuros do produto em Nova York, que encerraram esta terça-feira a 12,51 centavos de dólar por libra-peso.

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