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Fonte: DCI / Opinião

Paulo Sergio Xavier Dias da Silva

A curtíssima periodicidade e os constantes aumentos dos preços dos combustíveis merecem uma análise mais profunda sobre os critérios definidos para a essa questionável política de reajustes automáticos, face ao impacto significativo no comportamento dos principais agentes econômicos.
Atualmente, os reajustes estão praticamente vinculados às variações dos preços internacionais dos barris de petróleo e da cotação do dólar.É necessário abrir a caixa preta da Petrobras, para identificar o real impacto dessas duas variáveis sobre a sua estrutura de custos.Por exemplo, qual a participação do valor da mão de obra e de outros componentes nacionais que não variam de acordo com as flutuações da moeda americana ? Quanto representa o petróleo nacional que é vendido internamente?É
evidente, que por se tratar de uma empresa de capital aberto, não é admissível uma interferência direta do governo para evitar efeitos negativos na inflação. Porém, por se tratar de um setor de importância estratégica, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) tem que estar mais vigilante, cumprindo melhor seu papel de reguladora dessa atividade.
A matriz brasileira de transporte ainda é extremamente concentrada no transporte rodoviário e qualquer reajuste do diesel, principalmente os recentes aumentos bem acima da inflação, repercutem imediatamente na maioria dos preços, aumentando o já elevado Custo Brasil. Por outro lado, os aumentos do gás de cozinha penalizam de forma brutal os consumidores de menor poder aquisitivo. O valor do litro da gasolina está nas alturas, sacrificando os proprietários de veículos, puxando também para cima a cotação do etanol. Mesmo as empresas que atuam em um mercado monopolístico têm a noção que, pelo menos a longo prazo, não devem abusar da prática contumaz de aumentos excessivos de preços, sob pena de atrair bens substitutos que surgem celeremente em função do elevado avanço tecnológico.
Nos países mais desenvolvidos, como vem ocorrendo na Inglaterra, por exemplo, outros tipos alternativos de combustíveis vêm ampliando sua participação, principalmente os veículos movidos à energia elétrica e baterias, incentivados também por políticas de redução dos níveis de poluição.
Deve-se ressaltar que o governo tendo maior participação no capital da Petrobras, além de aplicar sua parcela no lucro em novos investimentos, pesquisas e desenvolvimento tecnológico necessários, deveria também destinar o restante para constituir um colchão financeiro a ser utilizado para amenizar majorações elevadas de preços de insumos sujeitas as variações de cotações internacionais.
É de conhecimento de todos a pressão do mercado financeiro para que os lucros da companhia sejam maximizados. Isso sempre foi assim e continuará sendo assim. É uma regra do capitalismo.O que pouco se divulga é que grande parte das ações que não pertencem à União, estão nas mãos de investidores estrangeiros , ávidos por lucros extraordinários e que não estão preocupados com os efeitos perversos que possam ocorrer na nossa economia.
Afinal, o célebre e antigo slogan “O petróleo é nosso”, para ser atualmente verdadeiro, tem que atender prioritariamente os anseios do povo, com fornecimento de qualidade e preços mais acessíveis e estáveis.
Paulo Sergio Xavier Dias da Silva é economista e consultor empresarial – psxds@hotmail.com

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