Valor Econômico
A Petrobras terminou o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 31,5 bilhões, queda de 47,4% em comparação com o lucro de R$ 59,89 bilhões apurado no mesmo período de 2020. Com isso, a companhia encerrou 2021 com lucro acumulado recorde de R$ 106,6 bilhões, quarto ano consecutivo de ganho.
No trimestre, o balanço refletiu efeitos não recorrentes, sendo o principal deles, segundo a companhia, o ganho com alienação de ativos. Com isso, o lucro líquido entre outubro e dezembro teria sido de R$ 23,8 bilhões sem esses itens. A Petrobras destaca também o ganho com recebimento pelo acordo de coparticipação referente ao excedente da cessão onerosa do campo de Búzios.
O quarto trimestre de 2020 também teve a contabilização de vários itens não recorrentes, o que dificulta a comparação da última linha.
Já o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado mostra aumento de 33,8% no último trimestre de 2021, para R$ 62,94 bilhões, ante os R$ 47,04 bilhões do período de outubro a dezembro do ano anterior.
A receita de vendas da estatal somou R$ 134,19 bilhões no trimestre, montante 79% acima do visto no mesmo período de 2020, de R$ 74,97 bilhões.
No acumulado do ano, a receita teve salto de 66,4%, para R$ 452,66 bilhões. Já o Ebitda ajustado avançou 64,1% no ano passado, para R$ 234,57 bilhões.
Dívidas
O endividamento líquido da Petrobras chegou a R$ 265,78 bilhões no fim de 2021, alta de 1,5% ante o endividamento apurado no fim de setembro do ano passado, de R$ 261,81 bilhões. Em dezembro de 2020, a cifra tinha chegado a R$ 328,27 bilhões.
Com isso, a alavancagem financeira medida pela relação entre dívida líquida e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado chegou a 1,09 vez, ante 1,17 vez no fim de setembro e 2,22 vezes em dezembro de 2020.
Em dólares, a dívida líquida da estatal, atingiu US$ 47,62 bilhões, ante US$ 63,16 bilhões no fim de dezembro de 2020.
A Petrobras investiu US$ 2,63 bilhões no quarto trimestre, avanços de 41,3% ante o terceiro trimestre e de 28,4% na comparação com o mesmo período de 2020. Do montante, cerca de 57% correspondem a investimentos em crescimento, ou seja, para aumentar a capacidade de ativos existentes, implantar novos ativos de produção, escoamento e armazenagem e para melhora da infraestrutura. O restante foi utilizado para investimentos em manutenção.
Em 2021, a companhia investiu R$ 8,77 bilhões, montante 8,9% acima do capex de 2020, refletindo a melhora do cenário econômico após a fase crítica da pandemia de covid-19, disse a Petrobras. O total investido, porém, ficou 12% abaixo do planejado.
Resultado financeiro
A Petrobras encerrou o quarto trimestre com resultado financeiro líquido negativo em R$ 13,8 bilhões, 45,8% abaixo do observado no terceiro trimestre de 2021, de R$ 25,48 bilhões, e revertendo o resultado positivo de R$ 6,81 bilhões no quarto trimestre de 2020.
A companhia encerrou 2021 com resultado financeiro líquido negativo em R$ 59,25 bilhões, total 19,5% acima do reportado em 2020. Segundo a estatal, a piora refletiu as variações cambiais
A receita financeira alcançou R$ 1,48 bilhão, alta de 25% na comparação com o período de julho a setembro de 2021, e salto de 91,1% ante o quarto trimestre de 2020.
No acumulado do ano, o indicador somou R$ 4,46 bilhões, alta de 58% ante o ano anterior.
Já a despesa financeira ficou 21,2% abaixo do registrado no terceiro trimestre e recuou 37,1% na base anual, negativa em R$ 4,91 bilhões.
A diminuição no trimestre, ante julho a setembro, foi devido, principalmente, à menor despesa com ágio e custos de transação, refletindo redução do volume de pré-pagamentos, além da queda nas despesas com financiamentos, acompanhando a redução do endividamento da companhia.
Entre janeiro e dezembro do ano passado, a despesa financeira ficou negativa em R$ 27,63 bilhões.
A Petrobras encerrou o quarto trimestre de 2021 com R$ 62,11 bilhões em caixa, um montante levemente inferior aos R$ 62,34 bilhões ao fim do terceiro trimestre.
A estatal encerrou o ano com patrimônio líquido de R$ 389,58 bilhões, montante 25% acima do registrado em 2020. A reserva de lucros, subconta do patrimônio na qual são registrados os resultados acumulados, cresceu 77% em 2021 na comparação com o ano anterior, para R$ 181,9 bilhões.
O retorno sobre o patrimônio, relação entre o lucro líquido do ano e o patrimônio líquido no fim de dezembro, era de 27% em dezembro, comparado a 36% em setembro e 2% em dezembro de 2020.
Exportações
A China seguiu como o principal destino das exportações de petróleo bruto da Petrobras no quarto trimestre de 2021, sendo responsável por 38% do total de vendas para o exterior da petroleira no período, de acordo com os resultados da companhia publicados na noite de hoje. O percentual é menor do que o registrado em igual período no ano anterior, quando as exportações para a China responderam por 42% do total.
Em paralelo, as vendas para a América Latina ganharam espaço, com um percentual de 23% do total no último trimestre de 2021, frente à parcela de 13% que representavam em igual período em 2020.
A Petrobras afirmou que segue com a trajetória de diversificação da base global de clientes para as exportações de óleo. A Europa recebeu 15% das exportações da companhia no último trimestre do ano passado, mesmo percentual de outros países da Ásia, com exclusão da China. Já os Estados Unidos responderam por 9% do total. No caso da venda de derivados para o exterior, 84% das exportações da Petrobras entre outubro e novembro de 2021 foram para Cingapura e 14% para os Estados Unidos, com os outros 2% divididos entre outros países.
Refinaria Abreu e Lima
A Petrobras prevê que a entrada em operação do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, será em agosto de 2027. Estatal fez uma reversão do impairment (perda do valor recuperável de um ativo) no valor de R$ 1,5 bilhão, motivada pela previsão de conclusão da unidade.
A Rnest é uma das oito refinarias incluídas no plano de vendas da Petrobras. O desinvestimento, no entanto, teve o processo encerrado sem sucesso.
Com isso, a companhia incluiu no plano de negócios para o período de 2022 a 2026, divulgado ao final do ano passado, a previsão de investimentos de US$ 1 bilhão para a conclusão do segundo trem da refinaria. A obra vai possibilitar a ampliação da produção da Rnest de 115 mil para 260 mil barris por dia. A expectativa da estatal é que a conclusão do projeto ajude na atração de potenciais compradores em um novo processo de venda.