O Estado de S. Paulo
Após dois meses sem mexer no preço do diesel, a Petrobras anunciou que vai reduzir a partir de nesta quarta-feira, 8, o combustível em 8,8% nas refinarias, para R$ 4,10 por litro me média, uma queda de R$ 0,40. Este é o primeiro reajuste do novo presidente da estatal, Jean Paul Prates, que tomou posse no último dia 26, dois dias depois de a empresa ter elevado o preço da gasolina em 7,5%.
A decisão sobre o reajustes da gasolina e do diesel, que ao contrário de outros combustíveis da empresa não possuem periodicidade, é tomada pelo presidente da empresa e os diretores Financeiro e de Comercialização.
A expectativa do mercado global era de que o diesel subisse de preço em fevereiro após o início das sanções contra a Rússia, mas um inverno menos rigoroso e temores de uma recessão global têm segurado os preços do combustível no mercado externo. No Brasil, a queda do dólar também ajudou a aumentar a defasagem positiva do diesel em relação ao mercado internacional, o que levou à primeira queda do combustível este ano.
“Essa redução tem como principal balizador a busca pelo equilíbrio dos preços da Petrobras aos mercados nacional e internacional, contemplando as principais alternativas de suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos”, disse a Petrobras em nota.
Antes do aumento, o diesel estava 16% mais caro no Brasil do que no mercado internacional, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), e 12,7% superior, de acordo com o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).
A Abicom informou em relatório nesta manhã que a Petrobras poderia reduzir o preço do diesel em R$ 0,60 por litro para atingir a paridade internacional, mas depois do anúncio o presidente da Abicom, Sérgio Araújo, explicou que existe um viés de alta para o petróleo e o câmbio nesta terça-feira, e a estatal deve ter agido com cautela.
“Tinha espaço para reduzir mais, mas como o mercado está em um viés de alta, a Petrobras está levando o preço para encostar na paridade (com o preço internacional) realmente”, disse Araújo ao Estadão/Broadcast.
A queda do diesel pode contribuir para conter a inflação, a dor de cabeça do momento para o governo brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a alta dos juros controlados pelo Banco Central, instrumento usado para conter a alta de preços. A gasolina, porém, que mais pressiona o índice oficial da inflação (IPCA) vem sendo negociada no mercado brasileiro perto da paridade internacional e, segundo especialistas, não deve ter seu preço reduzido agora.