Petrobrás produz mais combustíveis e começa a sair da crise causada pela pandemia

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Rio de Janeiro - Sede da Petrobras (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Estadão

A Petrobrás começa a dar sinais de recuperação e de que, em suas unidades operacionais, a crise provocada pela pandemia de covid-19 aos poucos está sendo superada. Para isso, tem se valido do crescimento da demanda interna por combustíveis, principalmente de gasolina e óleo diesel, e da estratégia de atender o mercado brasileiro cada vez mais com produtos próprios, de suas refinarias.

“A retomada da demanda no mercado doméstico resultou em recuperação das vendas e da produção de derivados. Consequentemente, o fator de utilização (FUT) das refinarias passou a flutuar em torno de 80% no terceiro trimestre de 2020, depois de atingir 55% em abril”, afirmou a empresa, em seu relatório de produção e vendas do terceiro trimestre deste ano, divulgado na noite desta terça-feira.

De julho a setembro, a petrolífera estatal extraiu 2,9 milhões de barris de óleo equivalente (boe/d) de petróleo, gás natural e líquido de gás natural (LGN) no Brasil e transformou a maior parte desse óleo em derivados, como combustíveis automotivos.

Das suas refinarias saíram 1,94 milhão de barris por dia (bpd) de derivados no período, 8,3% mais do que no quarto trimestre do ano passado, quando a crise sanitária ainda não surtia efeitos sobre a economia brasileira. Também as vendas de derivados, de 1,76 milhão de bpd, subiram 1,7% em relação ao mesmo período pré-pandemia.

Já o volume de petróleo extraído no terceiro trimestre deste ano, de 2,9 milhões de boe/d, caiu 2,4% em relação ao quarto trimestre do ano passado. Isso demonstra que, mais do que o óleo do pré-sal, o que está ajudando a Petrobrás a ultrapassar a crise tem sido a produção de derivados em suas refinarias.

“A Petrobrás adotou duas estratégias simultâneas que tiveram relativo sucesso no trimestre: o deslocamento de importadores, que elevou sua participação de mercado interno, e o aproveitamento de oportunidades na exportação de bunker. Isso mostra como os ativos do refino geram flexibilidade estratégica para a Petrobrás. A companhia conseguiu optar por diferentes soluções num período de tamanha instabilidade”, afirmou Rodrigo Leão, coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Ao processar mais petróleo nacional em suas refinarias, a Petrobrás deslocou espaço antes ocupado por importadores. Sua participação no mercado interno chegou a 93,3% no terceiro trimestre deste ano, marca que não era alcançada, pelo menos, nos últimos dois anos, segundo cálculo do Ineep. Já a utilização da capacidade das refinarias chegou a 83%, o maior percentual desde o primeiro trimestre de 2016 (85%).

A petrolífera também tem aproveitado a nova legislação internacional que exige o consumo de combustíveis marítimos mais limpos para exportar seu óleo bunker de baixo teor de enxofre, produzido a partir do óleo do pré-sal. A exportação de óleo combustível no terceiro trimestre foi a melhor já registrada, pelo menos, desde 2018, de acordo com o instituto. No terceiro trimestre, foram vendidos no exterior 204 mil barris por dia.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) revelam que a Ásia e a Europa foram os principais destinos do óleo brasileiro. De janeiro a setembro de 2020, as vendas de óleos combustíveis para Cingapura cresceram 52,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, e para a Holanda, 143,8%. Os dois países são destino de mais da metade das exportações de óleos combustíveis do Brasil.

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