Valor Econômico
Impulsionada por um cenário favorável, a Petrobras alcançou valor de mercado de R$ 527,9 bilhões na quinta-feira (25), um recorde na história da petroleira. A marca ainda foi renovada na sexta-feira (26), quando a capitalização da petroleira atingiu R$ 536,1 bilhões. Em 12 meses encerrados na sexta, a ação preferencial da Petrobras subiu 95,1%, segundo o Valor Data.
A Petrobras é a companhia com maior valor de mercado do Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira. A segunda colocada é a Vale, com R$ 315,4 bilhões. A ação preferencial da petroleira, que fechou a semana aos R$ 39,96, acumula alta de 7,30% só em janeiro. Há um ano, o papel custava R$ 20,48.
A valorização da Petrobras se explica por vários fatores. Um deles é a expectativa de uma forte geração de caixa, com reduções de custos de extração no pré-sal e previsão de aumento da produção. Esses fatores levaram os investidores a entender que a ação da companhia está em um momento de baixo risco, segundo análise de Daniel Cobucci, analista do BB Investimentos.
Na visão de Cobucci, o mercado tem visto ainda uma maior possibilidade de alta das cotações do Brent, com eventual escalada dos conflitos no Oriente Médio. A Petrobras é uma exportadora de petróleo bruto e se beneficia das altas na commodity. O petróleo Brent subiu 1,21% na sexta, aos US$ 82,95. Em janeiro, a commodity acumula alta de 7,85%. Em 12 meses, há, porém, queda de 4,96%.
Cobucci cita alguns fatores no último ano que levaram à melhora de percepção sobre a estatal:
“A revisão da política de preços de combustíveis trouxe ajustes que não modificaram a dinâmica de mercado; a manutenção da regra de dividendos alinhada ao fluxo de caixa; a divulgação do plano de negócio realista, com aumento de investimentos e destaque para exploração e produção, com foco no pré-sal; investimento em refino, principalmente na Refinaria Abreu e Lima (Rnest)”.
O analista pondera que, apesar das críticas aos volumes de investimentos na Rnest, anunciados em visita do presidente Lula no dia 18 deste mês, o banco entende como importantes “para reduzir a dependência de importação de diesel e aproveitar a infraestrutura existente em um segmento bastante rentável”.
Cobucci ressalta que o ano ainda deve trazer desafios importantes para a Petrobras na exploração de novas fronteiras, na expansão da oferta de gás natural e no aumento de ativos ligados a energias renováveis. “Sobre as novas fronteiras, as atenções devem estar na Margem Equatorial, já que a companhia precisa repor reservas, mas ao mesmo tempo precisa fazer isso de modo que mitigue impactos ambientais.”
“Em relação aos ativos renováveis, temos um olhar construtivo, dada a diversificação que isso pode trazer para as receitas no médio prazo, mas preocupam algumas notícias sobre aumento de custos em projetos de eólicas offshore e de energia solar, dado que esses aumentos podem reduzir a atratividade de projetos.”
Na sexta (26), a Petrobras informou que atingiu a meta de produção de petróleo e gás natural estabelecida para 2023, de 2,78 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), 3,7% acima da produção de 2022. A estatal bateu recorde anual de produção total própria no pré-sal, com 2,17 milhões de boed.
Sergio Caetano Leite, diretor financeiro da petroleira, comentou a valorização de mercado da empresa: “Esse recorde [na capitalização da empresa], assim como os outros que a Petrobras atingiu em 2023, é fruto da retomada de investimentos e da valorização da companhia que realizamos no primeiro ano da nova gestão”, disse.
“Remuneramos bem os acionistas, inovando com o programa de recompra de ações. Apresentamos um plano estratégico para os próximos cinco anos com aumento de capex [investimento] total e também para projetos rentáveis de transição energética, com geração de valor a longo prazo.”
A política de preços, aprovada em 2023, também influenciou os resultados por trazer flexibilidade e competitividade para os combustíveis, disse Leite.