EPBR
RIO – A Petrobras fechou novos contratos de venda de gás natural, da ordem de 940 mil m3/dia, com consumidores livres, no segundo trimestre – quando a companhia lançou a sua nova política de preços. Os dados operacionais mostram, contudo, que a petroleira vem perdendo mercado para a concorrência.
A estatal comercializou, no segundo trimestre, 44 milhões de m3/dia – o seu pior desempenho trimestral desde a abertura do mercado de gás, em 2022. Houve uma queda de 6,4% nos volumes em relação aos três primeiros meses do ano e de 12% na comparação anual.
No primeiro semestre, as vendas totalizaram 46 milhões de m3/dia, na média – uma retração de 8% frente a igual período de 2023 e de 24,6% em relação à primeira metade de 2022.
A companhia citou nesta segunda (29/7), ao publicar o relatório de produção e vendas do segundo trimestre, que a queda nos volumes comercializados no período reflete o “aumento da participação de outros agentes, decorrente do processo de abertura de mercado” – sem, no entanto, detalhar números de market share.
Foi no segundo trimestre que a Petrobras, ainda na reta final da gestão de Jean Paul Prates, deu uma resposta aos concorrentes, ao anunciar uma nova política de preços que promete baratear o gás natural para distribuidoras e oferecer produtos mais customizados – e competitivos – no mercado livre.
Ao assumir o comando da petroleira, Magda Chambriard reforçou o recado, ao dizer que a estatal pode “eventualmente abaixar um pouquinho o preço do gás”, desde que mantenha sua rentabilidade, para “ajudar a desenvolver o mercado”.
A Petrobras tem oferecido novas condições comerciais para a indústria, no mercado livre, com diferentes modalidades de prazo e indexadores.
Agentes da indústria relatam que a petroleira tem oferecido contratos indexados a cerca de 11,3% do Brent – patamar ligeiramente abaixo do piso praticado pela estatal no mercado cativo.
A atratividade dos preços da petroleira depende, ao fim, da estratégia (e apetite ao risco) de cada indústria e da realidade local. Em estados como o Rio de Janeiro, onde o custo de aquisição de gás da Naturgy é menos competitivo, por exemplo, a migração pode fazer mais sentido.
Não à toa, um dos novos clientes livres da Petrobras é justamente uma indústria do Rio: a Gerdau assinou um contrato com a estatal para suprimento à Cosigua, usina que produz aços longos em Santa Cruz, na capital fluminense. Foi a primeira migração de um consumidor de gás cativo para o mercado livre no estado.
A petroleira também tem reduzido os volumes contratados com as distribuidoras, em função da migração de usuários para o mercado livre.
Em geral, os contratos de suprimento da estatal permitem, via aditivos, a redução dos volumes contratados pelas concessionárias estaduais em casos de perda de clientes para o mercado livre.
Distribuidoras como CEG (RJ), Comgás (SP) e ES Gás (ES) já acionaram as cláusulas de redução da quantidade diária contratada.