O Estado de São Paulo
A Petrobras produziu 5,8 milhões de litros de diesel com 5% de conteúdo renovável em abril, o chamado Diesel R5, primeiro produto lançado no âmbito do Programa de BioRefino da estatal, que corre contra o tempo para se inserir na transição energética global.
O programa projeta chegar em 2027 com a produção de 10,6 bilhões de litros por ano, contra a atual de 1,6 bilhão de litros, com investimento previsto de US$ 600 milhões. O volume de abril, segundo informou a estatal ao Estadão/Broadcast, é suficiente para abastecer o tanque de até 19,3 mil ônibus convencionais, gerando redução de emissões de cerca de 610 toneladas de gases de efeito estufa (GEE).
O Diesel R está sendo produzido a partir do coprocessamento (processamento conjunto) de derivados de petróleo (parcela mineral), com matérias-primas de origem vegetal, como óleo de soja. Esse novo combustível é uma alternativa sustentável no ciclo diesel, já que a redução das emissões associada à parcela renovável é de ao menos 60% em comparação com o diesel mineral, podendo ser até maior a depender da matéria-prima utilizada.
“Além do benefício ambiental, o Diesel R pode ser misturado ao diesel convencional em diferentes proporções, sem a necessidade de adaptações nos motores dos veículos, sem exigir alterações ou mudanças na cadeia logística ou no seu armazenamento. É um produto com alta estabilidade e isento de contaminantes, o que garante durabilidade e desempenho dos motores”, informa a estatal.
Salto
A Petrobras prevê multiplicar em seis vezes sua capacidade de produção do Diesel R no horizonte de seu Plano Estratégico 2023-2027. Para isso, irá estender a produção do biocombustível para outras refinarias. Atualmente, apenas a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, produz o Diesel R, com capacidade instalada para processar até 1,6 bilhão de litros por ano.
Até o fim deste ano, a expectativa é ampliar a capacidade da Repar para mais 2,4 bilhões de litros, o que vai totalizar uma capacidade de 4 bilhões de litros na unidade. Outra medida será iniciar a produção desse combustível na Refinaria de Cubatão (RPBC), em São Paulo, com potencial de até 700 milhões por ano.
“A Petrobras foi a primeira empresa no Brasil a desenvolver tecnologia própria de coprocessamento, além de projetar e implantar em nossas unidades, o diesel com conteúdo renovável. Graças ao empenho de nossos cientistas do Centro de Pesquisas e Inovação da Petrobras (Cenpes), e de nossos profissionais de refino, patenteamos a tecnologia e nos tornamos referência no segmento”, afirmou em nota o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Claudio Romeo Schlosser.
Até 2027 também está programado início da produção do biocombustível na Refinaria de Paulínia (Replan, SP), com capacidade de até 2,6 bilhões de litros por ano, seguida pela Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, com 900 milhões de litros/ano, e da Refinaria Capuava (Recap), em Mauá/SP, com 2,3 bilhões/ano.
“Todas elas estarão aptas a produzir diesel com conteúdo renovável. Além disso, até 2027, a companhia implantará uma unidade dedicada à produção de Bioqav (querosene de aviação) e diesel 100% renovável (diesel R100) na RPBC”, informou a empresa, ressaltando que estuda ainda adequações para o coprocessamento do Diesel R em outras refinarias.
Além da Petrobras, recentemente a Refinaria de Mataripe, na Bahia, vendida pela Petrobras no final de 2021, anunciou que vai investir R$ 12 bilhões nos próximos dez anos na produção de diesel verde (HVO) e querosene de aviação sustentável (SAF) 100% renováveis. A expectativa é produzir 1 bilhão de litros por ano, o que vai reduzir em até 80% as emissões de CO₂ com a substituição do combustível fóssil.