Por que Petrobras não corta preço de combustíveis (mesmo com petróleo afundando)?
Money Times
A Petrobras (PETR3;PETR4) não pensa em reduzir o preço dos combustíveis. Ao menos por enquanto.
A informação foi repercutida pelo jornal O Globo, por meio de fontes que acompanharam o encontro entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e Jean Paul Prates, presidente da estatal.
Na sexta-feira passada, o ministro havia cobrado a empresa a fazer um novo corte no preço da gasolina e do diesel, o que contrariou Prates e os diretores da companhia que estavam na reunião.
A Petrobras defende que os preços atuais dos combustíveis são adequados para acomodar as necessidades atuais de importação do Brasil, aliado a incertezas da guerra entre Israel e Hamas e a próxima reunião da Opep, o cartel que reúne os maiores produtores de petróleo do mundo.
Diante desses fatores, a empresa defende aguardar os próximos dias para evitar flutuações nos preços internos.
Faz 30 dias que a Petrobras não atualiza o preço dos combustíveis. O valor do litro do diesel caiu de R$ 3,80 para R$ 4,05. Já a gasolina passou de R$ 2,93 para R$ 2,81.
Prates e Silveira em rota de colisão
A reunião da última quarta-feira (22) marca o capítulo mais recente da crise instaurada entre parte do governo Lula e o presidente da estatal.
A disputa gira em torno do que os ministros Silveira e Rui Costa chamam de demora por parte da Petrobras para baixar os preços, tendo em vista uma queda de US$ 12 no preço do petróleo no último mês.
Há duas semanas, a Petrobras chegou a considerar um corte, que acabou não se materializando, para a insatisfação de Silveira e da ala política do governo.
No início da semana, chegou-se a falar em uma articulação conduzida por Rui Costa para substituir Prates no comando da Petrobras. O fato foi negado pelo ministro da Casa Civil.
Petróleo em queda
Nesta quinta-feira (23), os contratos futuros do Brent e do WTI voltaram a cair, em meio à persistência de preocupações com a economia chinesa e uma elevação dos estoques nos Estados Unidos.
Segundo o governo norte-americano, a elevação foi de 8.7 milhões de barris na última semana, muito acima da expectativa dos analistas. O dado sinaliza um menor apetite por consumo de combustíveis na principal economia do mundo, que começa a sentir os efeitos cumulativos do aperto monetário iniciado há mais de 18 meses.
Outro fator que vem pesando no mercado é a existência de uma oferta robusta de países não alinhados à Opep, aumentando o temor de que o cartel recorra a um novo corte de produção no próximo encontro, marcado para o dia 30 de novembro.
Ao fim do dia, o Brent voltou a ser negociado a marca de US$ 80, já o WTI opera em torno de US$ 76. Os preços atuais já estão 18% abaixo do pico observado em setembro.