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Quando a Petrobras anunciou a redução do preço da gasolina e do diesel às distribuidoras na terça-feira (6), a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) mostrava que a gasolina era vendida no país R$ 0,24 mais cara do que o mercado internacional, já o diesel, R$ 0,34 maior.
Diante desse cenário, o presidente da Abicom, Sérgio Araujo, avalia que a mudança veio para suprir a disparidade. Ele explica que o petróleo vem caindo diante da possibilidade de redução da demanda por parte da China, que ainda lida com as consequências da Covid-19.
“Essa redução está perfeitamente alinhada com a dita política de preços da Petrobras, de acompanhamento do mercado internacional, e com o cálculo que a Abicom faz diariamente. Infelizmente, se a gente olhar o histórico de 2022, em especial das últimas semanas, vemos que a Petrobras não vinha acompanhando a paridade. Basta dizer que ela ficou 95 dias sem reajustar a gasolina e 77 dias sem reajustar o diesel”, afirmou.
As contas da Abicom mostram que, entre o fim de setembro e o mês de outubro, período eleitoral, os combustíveis ficaram defasados, sem que a Petrobras aumentasse os preços. No dia 31 de outubro, após o segundo turno, por exemplo, a gasolina estava R$ 0,63 mais barata no Brasil do que no mercado internacional, enquanto o diesel, R$ 1,62.
A CNN procurou a Petrobras para um posicionamento sobre a fala da Abicom e aguarda retorno.
Esta semana, após agenda na sede da Petrobras, o coordenador do grupo de trabalho de Minas e Energia de transição do governo Lula, Maurício Tolmasquim, afirmou que haverá um debate sobre a política de preços da empresa.
“O novo Ministério de Minas e Energia vai ter uma política do governo, que será nova. Não necessariamente quer dizer que a Petrobras vai mudar a política, mas haverá uma política determinada pelo Ministério de Minas e Energia para o país”, disse.
O presidente da Abicom defende a manutenção da paridade internacional, mas vê com bons olhos a preocupação do novo governo com a questão social e a possibilidade de um gatilho para evitar choques externos.
“Nós entendemos que o novo governo vai estar aberto ao diálogo. Todos os integrantes da transição e o próprio presidente Lula têm consciência da importância de um mercado aberto e de se ouvir todos os agentes. Nós acreditamos que, considerando uma governança já estabelecida em uma empresa de capital misto, essa política de preço alinhada ao mercado internacional vai ser necessária. Mas é um governo que tem uma preocupação social muito forte. Um dos caminhos pode ser a criação de um fundo de estabilização dos preços, com o governo controlando esse fundo com recursos extras, como royalties, participação especial e os próprios dividendos”, afirmou Araújo à CNN.
Fonte: CNN