Fonte: Valor Econômico
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, voltou a dizer ontem que a companhia pretende intensificar seu processo de desalavancagem nos próximos anos, mesmo que a estatal consiga reduzir a relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para abaixo da marca inicialmente traçada para 2018, de 2,5 vezes. O executivo afirmou que a petroleira ainda não tem um “número final”, mas sinalizou que, na sua avaliação, uma empresa saudável, no Brasil, deveria ter uma alavancagem, medida pela dívida líquida/Ebitda, próxima de 1,5 vez.
“Se nós eventualmente alcançarmos esse número de 2,5 vezes antes do fim de 2018, nós não vamos parar por aí, porque esse não é um número final. Não discutimos ainda qual seria um número final, mas minha visão pessoal, uma empresa saudável, especialmente no Brasil, não poderia ter alavancagem superior a 1,5 vez”, disse.
No primeiro trimestre, a relação dívida líquida/Ebitda da Petrobras alcançou os 3,2 vezes e o endividamento líquido totalizava US$ 95 bilhões (R$ 301 bilhões).
Para dimensionar o tamanho do endividamento da companhia, Parente disse que a Petrobras paga, anualmente, US$ 7 bilhões em juros da dívida. Segundo ele, o número é cerca de US$ 5 bilhões acima do que é pago, em média, pelas principais petroleiras de capital privado do mundo.
“Com essa diferença [entre o que a Petrobras paga em relação aos seus competidores], a cada ano poderíamos estar implementando um novo sistema de produção no pré-sal. Não fazemos isso, porque há uma demanda de juros que subiu exponencialmente”, afirmou.
Ele comentou, ainda, sobre o rating da empresa e disse que, com base nas recentes captações da companhia no mercado, a nota da petroleira pelas agências de classificação de riscos não condiz, hoje, com a visão “mais positiva” dos investidores.
Segundo Parente, a Petrobras poderia ter um rating mais elevado, mas que a avaliação de risco da União, o acionista controlador da companhia, puxa para baixo a classificação da estatal.
“Poderíamos estar num nível maior [de rating]. No entanto, estamos com um teto no rating dada a situação soberana do país”, afirmou o executivo.
Questionado por integrantes da plateia sobre a possibilidade de privatização da Petrobras, o executivo disse que o assunto, hoje, não está na “agenda da sociedade”.
“Vemos que existe tanto carinho do brasileiro pela Petrobras que não vejo que essa [privatização] não é uma agenda da sociedade. Se abrimos essa discussão hoje, só vamos fazer atrapalhar a execução do nosso plano estratégico”, afirmou Parente