Fonte: Globo
WASHINGTON – Poucos dias após a desistência da americana Ford de construir uma fábrica no México, executivos de 18 montadoras pediram ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para rever o cronograma de adequação dos veículos a novas normas de eficiência de consumo de combustíveis. Durante o governo de Barack Obama, foi tomada a decisão de que o prazo de adaptação iria até 2025. Em carta endereçada a Trump, os executivos alegam que, caso o cronograma seja mantido, os custos serão elevados e que centenas de milhares de empregos estarão em risco.
Em 2011, Obama anunciou um acordo com as montadoras para elevar o padrão de eficiência dos motores. Pelos novos parâmetros, os carros deveriam percorrer 54,5 milhas por galão de combustível — ou 23 quilômetros por litro. Isso resultaria em uma economia de US$ 1,7 trilhão aos consumidores durante o tempo de vida últil dos veículos. Na época, as montadoras apresentaram outra conta: o custo da melhora no padrão de consumo de combustível implicaria um custo de US$ 200 bilhões em 13 anos, prazo para que elas se adequassem às novas regras.
Em carta enviada a Trump semana passada e obtida pela agência de notícias Reuters, os executivos de 18 montadoras pedem que a decisão seja revista. Entre as empresas que assinam a carta estão GM, Ford, Fiat Chrysler e outras que têm unidades nos Estados Unidos, como a japonesa Toyota e a alemã Volkswagen.
Recentemente, a Volks protagonizou um escândalo envolvendo fraudes em testes de emissões de poluentes. Veículos da fabricante eram equipados com um software capaz de detectar quando os carros estavam sendo submetidos a testes, de modo que durante o exame o nível de poluentes emitidos ficava dentro do previsto na legislação.
AMEAÇA A EMPREGOS
Os executivos pedem a Trump que o prazo seja revisto “sem o prejuízo do resultado” e elogiam “o empenho pessoal” de Trump “para fortalecer a economia dos Estados Unidos” e seu “compromisso com os empregos do setor”. A carta também alerta que as novas regras poderiam “ameaçar os níveis de produção no futuro, colocando centenas de milhas e talvez um milhão de empregos em risco”.
O tema já havia sido levantado pelas montadoras logo após a posse de Trump e voltou a ser discutido na Casa Branca em encontro de executivos da Ford, GM e Fiat Chrysler com o presidente americano mês passado. Ambientalistas dizem que as regras estão funcionando e que sua revisão não apenas elevaria o custo com combustível para os consumidores, como também aumentaria a dependência americana em relação ao petróleo e representaria um risco para a mudança climática.
A relação entre Trump e as montadoras deve ser mais afinada que a estabelecida com Obama. Uma das plataformas de campanha de Trump era justamente criar mais empregos por meio de incentivos ao setor.