O Globo
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, rebateu o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e voltou a cobrar, neste domingo, a redução do preço dos combustíveis. Silveira disse que não compreendeu as declarações de Prates e afirmou que os preços dos combustíveis são importantes para garantir a inflação dentro da meta.
Pelas redes sociais, Prates disse que, se o MME quiser “orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente”, será necessário seguir tanto a Lei das Estatais e as regras do Estatuto Social da companhia. A fala do presidente da Petrobras foi em resposta a uma cobrança feita por Silveira na sexta-feira, quando o ministro pediu a redução do preço dos combustíveis.
— Foi com muita serenidade que vi as falas do presidente da Petrobras, mas não as compreendi. Eu não fiz nada mais do que ressaltar os compromissos do governo com o país assumidos com a eleição. Eu disse que os preços dos combustíveis são parte essencial da meta de inflação — disse Silveira ao GLOBO, procurado para comentar as declarações de Prates.
O ministro ainda disse que não se pode criar o que chama de factoide.
— Não há nenhuma necessidade de haver criação de factoide onde não existe. Nós não temos divergências de mérito. Só temos que ter cuidado na forma.
O ministro disse que houve redução do valor do barril de petróleo e o dólar se estabilizou. Segundo ele, o argumento de que é necessário não repassar a volatilidade nos preços não se justifica, porque o último reajuste foi há um mês.
— O que nós precisamos agora é que uma empresa igual a Petrobras, além de atrativa para para o investidor, tenha clareza sobre a sua função social, que está na Constituição, na Lei das Estatais. Todas as empresas têm seu caráter também social. Eu levei a público dados objetivos. No último aumento da Petrobras o Brent estava US$ 92. Hoje estava em US$ 78. Eu tendo a concordar com o presidente da Petrobras que uma menor volatilidade dos preços é fundamental — disse ele, ressaltando que as ações da Petrobras subiram nos últimos meses.
Para o ministro, a volatilidade não pode ser o único compromisso da Petrobras. Ele ressalta também a necessidade de “dar uma resposta mais rápida” com a queda nos preços e disse que a diretoria da Petrobras foi escolha do Lula, embora diga que não vá levar esse assunto ao presidente.
— A diretoria da Petrobras e de escolha do presidente da República. A orientação ao presidente Jean Paul é feita pelo conselho de administração em que o governo tem maioria. A orientação, que ele deveria entender na minha opinião, ela é feita pelo formulador das políticas de petróleo, gás e biocombustíveis do país, que está na lei que é o ministro de Estado de Minas e Energia. Eu me dirijo com o mais profundo respeito ao meu colega Jean Paul. Mas o meu respeito não pode ser contradito ao meu compromisso de fazer com que o país dê certo e consequentemente possamos colher frutos desse sucesso econômico.
Prates e Silveira acumulam divergências internas desde o começo do governo em diversos temas, como preço dos combustíveis e a condução da política de gás.