G1
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, descartou nesta quarta-feira (18) o risco de desabastecimento de combustíveis no Brasil por causa do aumento do preço do petróleo no mercado internacional, em razão da guerra entre Israel e Hamas.
“A Petrobras tem tido toda a responsabilidade na questão do suprimento de combustível no Brasil. Inclusive, essa responsabilidade é do Ministério de Minas e Energia, de manter qualidade de produto e garantia de suprimento”, declarou.
A Petrobras mudou sua política de preços em maio, para atender a um anseio do governo, que quer evitar grandes variações nos preços dos combustíveis. Antes, a empresa considerava os preços de cotação do barril de petróleo no mercado internacional.
Em maio, a companhia explicou que os seus preços para as distribuidoras estariam no intervalo entre:
o maior valor que um comprador pode pagar antes de querer procurar outro fornecedor
e o menor valor que a Petrobras pode praticar na venda mantendo o lucro
Contudo, apesar de a Petrobras produzir grande parte da gasolina e diesel consumidos no Brasil, o país ainda depende de importações – cujos preços são definidos de acordo com a cotação internacional.
Quando há grandes descompassos entre o valor no mercado internacional e o preço interno, a atividade de importação deixa de ser economicamente atrativa para algumas empresas e isso pressiona o abastecimento.
Alta de 6,4% no preço do barril
Até a publicação desta reportagem, o barril de petróleo do tipo Brent – usado como referência no mercado – estava sendo negociado a US$ 91,28. Isso representa uma alta de 1,5% em relação ao dia anterior e de 6,4% na comparação com a última quarta-feira (11).
De acordo com Silveira, “a Petrobras está trabalhando sempre observando a volatilidade [internacional], mas muito focada em seus custos internos. Foi isso que nós fizemos um compromisso com o povo. A Petrobras não precisa ser subserviente ao preço internacional”.
O ministro afirmou que a companhia deve observar o preço no mercado internacional porque o país não é autossuficiente na produção de combustíveis derivados de petróleo, “mas não temos que considerá-lo, porque a Petrobras é muito mais competitiva do que muitas petroleiras internacionais”.
Efeitos da guerra
Silveira afirmou que a guerra entre Israel e Hamas não afeta diretamente o setor de energia. O ministro destacou que Israel e Palestina não são Estados produtores de petróleo.
“Não são dois países produtores. Isso, na questão energética, nos dá, não conforto, mas certa estabilidade de que os reflexos não são reflexos diretos, são indiretos. […] Esse conflito não deixa de criar um clima de depressão econômica em consequência da insegurança que cria, em especial naquela região, mas também se estendendo por toda Europa”, afirmou.
O ministro se encontrou na manhã desta quarta-feira (18) com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Haitham al-Ghais.
Ingresso na Opep+
A jornalistas, o ministro afirmou que o Brasil não considera, a princípio, ingressar na Opep+ –grupo formado pelos países da Opep e Rússia.
“O Brasil não analisa essa possibilidade a princípio. É claro que um país com a possibilidade produtora do Brasil interessa à Opep+, mas a nossa visão é de que a economia brasileira precisa de ser estimulada e um dos grandes estímulos é criar competitividade interna nos preços dos combustíveis”, afirmou.