Valor Econômico
A falta de infraestrutura para o carregamento de baterias pode tornar mais lenta a expansão do mercado de carros elétricos no Brasil. Mas, no caso dos veículos comerciais urbanos, quase sempre abastecidos nas garagens das empresas operadoras, o processo é mais fácil. Depois de a Volkswagen iniciar, este ano, a produção em série do primeiro caminhão elétrico brasileiro, ontem foi a vez de a Mercedes-Benz apresentar seu plano para produzir ônibus elétricos para transporte público em grandes cidades.
Ambos os casos são projetos desenvolvidos no Brasil e com produção local, o que indica que veículos comerciais podem ser o caminho para inserir as fábricas brasileiras no processo de transformação da matriz energética veicular. O caminhão de entregas urbanas da Volks é produzido na fábrica da Volks Caminhões e Ônibus em Resende (RJ) e o ônibus da Mercedes será fabricado em São Bernardo do Campo (SP).
As primeiras encomendas do caminhão da Volks foram feitas pela Ambev (que participou da fase dos testes), Coca-Cola Femsa e JBS, empresas que decidiram pela compra depois de incluir o transporte de suas mercadorias na estratégia de preservação ambiental.
Os ônibus elétricos da Mercedes só começarão a ser produzidos em 2020. Mas, a empresa já anunciou a cidade de São Paulo como primeiro mercado. Com base em contatos com operadores que atuam no município, cuja frota de ônibus está em torno de 14 mil veículos, a montadora estima que a capital paulista poderá absorver todo o seu primeiro lote de vendas, estimado entre 50 e 150 unidades.
Segundo o diretor de vendas de ônibus da Mercedes, Walter Barbosa, é mais fácil começar um sistema de eletromobilidade de transporte público em São Paulo por tratar-se de uma das poucas cidades do país que oferecem subsídios na tarifa. Curitiba e Brasília também trabalham com a chamada tarifa “técnica”, que inclui recursos dos cofres públicos.
Um ônibus elétrico chega a custar entre três e quatro vezes mais do que um convencional a diesel. Se no caso dos caminhões, os pedidos vêm de transportadoras, cada vez mais interessadas em engajar-se aos projetos ambientais de seus clientes, no caso do transporte público, a demanda tende a ser uma consequência de políticas públicas municipais voltaas à redução de emissões.
Para os executivos do setor, se os maiores centros urbanos do país derem esse pontapé inicial, cidades menores seguirão o exemplo num momento em que o custo dos veículos for mais acessível.
A Mercedes não está sozinha. A chinesa BYD já produz ônibus elétricos em Campinas (SP). O veículo da Mercedes será, no entanto, o primeiro do tipo “padron” elétrico no país – terá chassi de 13,2 metros, capacidade para 83 passageiros, com 29 assentos, e piso baixo.Para ler esta notícia, clique aqui.