Tribuna da Bahia
Crescimento do mercado de proximidade foi barrado pela crise sanitária, e as perdas de faturamento chegaram a 20%. Na Bahia, nicho ainda é subexplorado, com pouco menos de 300 lojas
Majoritariamente instaladas nos postos de gasolina e ponto de parada para quem está viajando ou voltando da farra noturna, as lojas de conveniência sofreram um tombo e tanto: enquanto antes da pandemia de Covid-19 esse tipo de estabelecimento vinha apresentando um crescimento consistente (pulando de 7366 para 8030 entre 2015 e 2018, de acordo com dados levantados pela Nielsen/Plural para o anuário do Sindicato Nacional das Empresas de Combustíveis e Lubrificantes – Sindicom), hoje a imagem é outra: quem vai abastecer encontra os espaços de portas fechadas. Em Salvador, pelo menos dez pontos encerraram suas atividades nos postos visitados pela reportagem da Tribuna, como nos bairros de Nazaré e Calçada.
Ainda de acordo com a Nielsen/Plural, em toda a Bahia eram 318 lojas de conveniência antes do estouro da pandemia, a maioria vinculada aos grandes revendedores de combustíveis, como as redes AmPm (vinculada ao posto Ipiranga), Shell Box (pertencente à Shell) e BR Mania (nos postos Petrobras). Mesmo as lojas maiores passaram por dificuldades, com quedas de faturamento oscilando entre 15 e 20% durante os períodos mais restritivos.
Além da inflação, que impactou sobretudo nos produtos mais adquiridos, como cigarros e bebidas alcoólicas, a mudança de hábitos dos consumidores acabou minando o faturamento, já que a redução na vida noturna faz cair as vendas da madrugada, principal marca registrada das lojas de conveniência.
A retomada de eventos de relevância, como a Copa do Mundo, deu algum fôlego para as vendas, assim como a chegada dos turistas para a alta estação.
Mesmo assim, as expectativas para o novo ano são mais realistas. Dentre os fatores elencados pelos dirigentes de postos de bandeiras vinculados à Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), estão, além da inflação que influencia no reajuste dos alugueis, o aumento do câmbio e de diversos produtos que constam das gôndolas das lojas. Assim, trazer de volta o cliente será um desafio e tanto. Para essa retomada do faturamento, a grande aposta das lojas de conveniência é o fortalecimento do food service, fatia que vem crescendo no mercado.
A oferta de alimentação rápida a qualquer hora, mas com qualidade, tem sido vista como uma uma categoria estratégica para conquistar os clientes, pegando carona na retomada do crescimento do setor de Alimentação Fora do Lar, que encerraria 2022 com um faturamento de R$ 543 bi, de acordo com projeções da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
A importância de uma exploração mais assertiva do hábito de comer fora para as vendas das lojas de conveniência foi confirmada à Combustíveis & Conveniência pelo presidente da AmPm Renato Stefanoni, que considera o food service “uma categoria em que devemos, inclusive, investir cada vez mais em novos produtos e experiências diferenciadas”. A rede AmPm já tem 1,6 mil pontos espalhados pelo país e planeja expandir os horizontes em 2023 se valendo da necessidade dos clientes de encontrar tudo em um só lugar, tendência adotada por quem deseja abrir uma loja num posto de gasolina.