Hidrogênio precisa vencer velho dilema da indústria de gás, aponta pesquisa

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EPBR

O hidrogênio de baixo carbono ainda não é economicamente competitivo em relação a outras fontes de energia na maioria das aplicações e países, e há uma grande probabilidade de continuar assim, caso não haja incentivos para estreitar a diferença de preços.
O que levanta a questão de quem deveria financiar esse incentivo.
“Os fatores ambientais e políticos estão enviando sinais encorajadores para o mercado e despertando o crescente interesse atual. Com as políticas e tecnologias apropriadas para permitir a ampliação do hidrogênio, algumas projeções sugerem que ele poderia ser competitivo em termos de custo com outras soluções já em 2030”.
O outro é resolver “o dilema do ovo e da galinha”, isto é, assegurar que vai ter oferta para atender à demanda, ao mesmo tempo em que se garante que há demanda para a oferta – velho dilema da indústria de gás.
Entender melhor a demanda tem se mostrado “particularmente desafiador” neste estágio embrionário de desenvolvimento.
De acordo com a análise, os países veem o potencial papel do hidrogênio na transição energética de formas diferentes e as divergências entre estratégias nacionais são significativas.
A Ásia mostra maior foco no hidrogênio como combustível líquido na forma de amônia e como combustível para transporte marítimo e rodoviário.
O Japão busca ativamente estabelecer cadeias de suprimentos internacionais, enquanto a Coréia do Sul se concentra em novas tecnologias como veículos com célula a combustível.
Em contraste, a Europa está mais focada no uso de hidrogênio para descarbonizar os setores da indústria e do transporte pesado (ônibus e caminhões).
As Américas (Norte e Sul) estão considerando a produção para consumo próprio e exportação.

Variação da demanda
“Uma avaliação comparativa das existentes estimativas de demanda de hidrogênio para 2050 mostra uma variação significativa com um crescimento limitado, porém constante, da demanda de hidrogênio até 2030 à medida que a infraestrutura é desenvolvida”, diz o documento publicado esta semana.
Após 2030, o crescimento da demanda deve acelerar, principalmente a partir de 2035. E até 2050 pode variar de 150 a 500 milhões de toneladas métricas por ano.
Entre os fatores que levam a tamanha variação estão as ambições climáticas globais, o desenvolvimento de atividades setoriais específicas, medidas de eficiência energética, eletrificação direta e uso de tecnologias de captura de carbono.
De acordo com o levantamento, até o momento, 12 países e a União Europeia publicaram suas estratégias nacionais para o hidrogênio — nove foram publicadas no ano passado.
“Outros 19 países estão esboçando suas estratégias, com muitos pretendendo publicá-las em 2021, demonstrando uma clara aceleração do interesse do governos apoiada, potencialmente, pela COP26”, avaliam os pesquisadores.
Mercados futuros para o hidrogênio
Centros de exportação e importação devem se desenvolver em todo o mundo, a exemplo dos centros de petróleo e gás, mas com novos participantes em regiões ricas em energias renováveis.
O preço da energia renovável para o hidrogênio verde (H2V) alcançar competitividade e a disponibilidade de terras serão determinantes na definição de quem será produtor e quem será exportador.
A análise da PwC vê os custos de produção do hidrogênio diminuindo em cerca de 50% até 2030, com a demanda ainda concentrada em aplicações de nicho nos setores industrial, de transporte, energia e construção.
Em seguida, os preços devem continuar a cair a uma taxa ligeiramente mais lenta até 2050.
• Em 2050, os custos de produção do hidrogênio verde em algumas partes do Oriente Médio, África, Rússia, China, Estados Unidos e Austrália estarão na faixa de € 1 a € 1,5 por kg.
• No mesmo período, os custos de produção em regiões com recursos renováveis limitados, como grandes partes da Europa, Japão ou Coréia, serão de aproximadamente € 2 por kg, tornando esses mercados prováveis importadores de hidrogênio verde de outros lugares.
“Mesmo regiões com bons recursos renováveis, mas áreas densamente povoadas, importarão hidrogênio, pois as restrições de terra limitam a produção de eletricidade verde para uso direto e conversão em hidrogênio”, explica o documento.
Já grandes países, como Estados Unidos, Canadá, Rússia, China, Índia e Austrália, têm regiões para a produção de hidrogênio competitiva e não competitiva, o que poderia levá-los a desenvolver o comércio interno.

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