Fiat projeta motor só para etanol. Quais são os benefícios?

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Fonte: Nova Cana

Os engenheiros da Fiat estão desenvolvendo um motor para queimar apenas etanol, chamado pela fábrica de E4. O lançamento é previsto dentro de quatro anos.
Esse seria o primeiro projeto específico para este combustível, pois, até hoje, tanto os carros da época do Proálcool (década de 80) como os flex atuais possuem motores projetados para gasolina e adaptados para o álcool puro ou para queimar os dois combustíveis. E, portanto, ficam devendo eficiência.
As justificativas para o desenvolvimento de um motor exclusivo a etanol são resumidas pelo Blog do Boris Feldman em seis pontos.

1. Motor flex é um “pato”
Em primeiro lugar, um motor a etanol se liberta das “amarras” do motor flex. Como dizia o empresário Sergio Habib, da Citroën/JAC: “O flex é como um pato, que nada, anda e voa, mas tudo mal feito”. Ou seja, o motor flex aceita os dois combustíveis, mas não tem a mesma eficiência do motor projetado especificamente para um deles.
Quem perde mais é justamente o motor a etanol, que não pode ter uma taxa de compressão bem mais elevada por "respeito” à menor octanagem da gasolina.
Como a taxa de compressão deve ser elevada para aproveitar a alta octanagem do etanol, quando o motor queima gasolina, a central eletrônica tem que atrasar a ignição para evitar sua detonação. E o motor perde eficiência.
Por outro lado, como o uso da gasolina limita a taxa de compressão, os engenheiros não são "livres” para aumentá-la o necessário para se obter máxima eficiência térmica do etanol.

2. Maior eficiência
Um motor exclusivo pode ajudar a eliminar o "fantasma” do consumo mais elevado do etanol no motor flex. Mesmo que seu poder energético seja inferior ao da gasolina, poderia-se quase igualar a eficiência de ambos aproveitando-se sua maior octanagem.
Com consumo semelhante, o motorista iria preferir abastecer com o etanol, pois ele é mais barato que a gasolina. Isso poderia inverter o quadro atual – no país, a relação entre etanol e gasolina nas vendas é de 20% do derivado de cana para 80% do derivado de petróleo.

3. Mais ecológico
O etanol é mais "limpo” para o meio ambiente, pois não recolhe carbono no fundo do mar ou da terra (combustível fóssil), lançando-o na atmosfera pelo escapamento.
Nos motores, o que queima etanol permanece mais limpo devido à menor presença de carbono em sua composição: apenas 35% contra 83% da gasolina, reduzindo praticamente a zero a formação de depósitos carboníferos em seu interior.
Por isso não é necessário o etanol aditivado, mas deve-se acrescentar aditivos dispersantes/detergentes à gasolina.

4. Futuro do petróleo
Os derivados do petróleo para combustão em motores estão com os anos contados, por maiores que sejam suas reservas nas profundezas da terra e do mar. Ou seja, por ser limitado e nobre, considera-se um absurdo utilizá-lo em motores a combustão de ridícula eficiência térmica. Da energia contida em um litro de gasolina ou diesel, há um desperdício acima de 50% com atrito e geração de calor.
O motor a etanol também tem baixa eficiência, mas não é um combustível tão nobre quanto a gasolina. Ele é renovável, gera empregos e fixa o homem ao campo.
As emissões de CO2 do etanol são inferiores às da gasolina no balanço final, pois o que sai do escapamento é compensado pelo que é absorvido no campo durante o crescimento da cana.

5. Confiança do consumidor
O programa Proálcool, criado pelo governo no final da década de 70, foi um fiasco. Quando estava em seu auge, no final da década de 80, faltou etanol nos postos.
Com isso, o brasileiro passou a desconfiar do biocombustível e, na década de 90, a gasolina voltou a dominar o mercado. Isso seguiu até o lançamento, em 2003, do motor flex. Hoje o motorista não tem mais receio de que irá faltar etanol, possibilitando desenvolver motores específicos para o álcool.

6. Proconve
Em janeiro de 2022, deve entrar em vigor uma nova fase da legislação, que regulamenta as emissões veiculares, bem mais rigorosa.
O motor a etanol se enquadraria como uma luva às exigências do Proconve em sua fase L7. Nesse período, serão impostos limites de emissão bastante restritivos.

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