EUA cogitam taxar petróleo importado para elevar preço

Preços do petróleo sobem com expectativa de cortes de oferta
09/04/2020
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Fonte: Valor Econômico

O governo do presidente Donald Trump se volta para seu arsenal favorito – tarifas e ameaças – para tentar impedir que uma guerra de preços do petróleo devaste dezenas de empresas americanas.
Em conversas com executivos do setor e parlamentares, Trump sugeriu que pode impor tarifas sobre o petróleo importado, possivelmente sob a mesma lei comercial usada contra a China, segundo fontes. A tática visa pressionar Arábia Saudita e Rússia a reduzir o excesso de petróleo no mercado.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, e nações aliadas, como a Rússia, terão videoconferência hoje para negociar acordo sobre cortes na produção. Segundo fontes, Trump pode abandonar a ideia se um acordo for fechado ou se os preços subirem – ontem cotações encerraram o dia em US$ 25,09 o barril, em Nova York, e US$ 32,84 em Londres.
Washington argumenta que as forças do mercado reduzirão a oferta e resiste à pressão para exigir cortes dos produtores americanos. Também não planeja ter representante na videoconferência.
“Eu usarei tarifas, se precisar”, disse Trump no domingo. “Eu não acho que vou precisar.”
Ontem à noite, Trump reiterou que as companhias americanas já reduziram sua produção de petróleo, indicando que os EUA não pretendem fazer parte de um esforço global coordenado. Numa referência velada à ameaça de tarifas, ele disse que tem muitas opções caso a Opep e a Rússia não cheguem a um acordo para reduzir a oferta e estabilizar os preços.
A imposição de tarifas é o plano de contingência mais provável se o problema persistir, segundo essas fontes, e o simples fato de ameaçar impô-las é uma maneira de Trump encontrar pontos de alavancagem em uma ofensiva diplomática.
“As tarifas são uma das ferramentas favoritas do presidente, e ele tem muita autoridade sobre elas”, disse o senador republicano Kevin Cramer, que tem conversado com Trump sobre a questão.
Pessoas a par das discussões disseram que o governo estuda usar a seção 301 da Lei de Comércio de 1974, usada para impor tarifas sobre as importações chinesas. A lei dá ao presidente poderes para iniciar processo comercial contra barreiras estrangeiras injustas às exportações dos EUA e promulgar tarifas se um acordo não for feito.
Harold Hamm, presidente da perfuradora de xisto Continental Resources, tem pressionado por investigações comerciais contra os sauditas, por “despejar petróleo barato no mercado deslealmente”.
Uma fonte a par das discussões na Casa Branca diz que a possibilidade de impor tarifas com base na seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962 também foi levantada. Essa medida confere ao presidente poderes discricionários e a possibilidade de agir rápido se considerar a existência de risco à segurança nacional.
Hamm e muitos produtores de petróleo pressionam o governo Trump por ajuda desde o colapso da aliança entre a Arábia Saudita e a Rússia, no mês passado. Os preços do petróleo já tinham começado a despencar com a pandemia do coronavírus, que desacelerou a economia e encolheu a demanda, e as empresas americanas entraram na crise atoladas em dívidas.
Deputados republicanos enviaram carta ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, alertando que a cooperação econômica e militar entre os dois países estava em risco, se a Arábia Saudita não cortar sua produção. “Se o país falhar em agir para reverter essa crise de energia fabricada, encorajaremos resposta recíproca que o governo dos EUA considerar apropriada”, diz a carta assinada por quase 50 republicanos.

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