Fonte: Portal UDOP
Difícil imaginar uma confluência de fatores tão positivos para o etanol quanto se assiste nesta temporada, quase dois meses após o início oficial da safra. Nem 18/19, recorde na produção do biocombustível, se iguala. Mesmo se olhando a queda do petróleo e o recuo da gasolina na refinaria, a soma das outras variáveis anulam as duas anteriores pelo retrato de agora.
A total falta de apetite pelo açúcar no mercado global, sem reação alguma em Nova York mais ainda após o USDA revelar previsão de superávit acima de 4,3 milhões de toneladas, de cara já demonstra que o mix pode acabar ficando parecido com a safra passada, com 35% da cana indo para o biocombustível. O total foi de 33,1 bilhões de litros de etanol.
Com os preços da commodity beirando o custo industrial, mesmo o etanol bambeando um pouco, como se viu nas últimas semanas com o ganho de produção em início de ciclo, seguirá vantajoso.
Martinho Ono, CEO da SCA Trading, cita dois aspectos. O primeiro, mas significativo, é que "agora nós já construímos um mercado de 2 milhões de consumos de litros diários, ao contrário dessa mesma época o ano passado, quando o consumo era relativamente menor e ainda tivemos a greve dos caminhoneiros.
Ou seja, as usinas em 2018 foram para o etanol por conta quase que exclusivamente do açúcar, ao passo que agora é a demanda interna que movimenta.
Demanda forte
Os dados da agremiação que reúne as indústrias do Centro-Sul, Unica, a respeito da primeira quinzena de maio, mostraram vendas de quase 1 milhão de litros. Deve se repetir, se não passar na atual quinzena, com três dias úteis a mais. Desde o começo do ano a variação é em torno dessa parâmetro.
Outro ponto que Ono elenca é que o preço médio de R$ 2, em Ribeirão Preto, nesta segunda (27), está sendo observado como parâmetro para as usinas grandes. O Cepea apontou queda de 1,94% na semana até 24, com preço médio de R$ 1,6493.
"Se os grandes definirem R$ 2 como piso, a pressão (sobre os preços) vai diminuir", avalia o trader.
Arredondando ainda mais, atipicamente a margem da revenda virou para o biocombustível. Em média, nas contas da SCA, é de R$ 0,40/0,42 para a gasolina e R$ 0,30 para o etanol. Diante da relação direta dos grandes grupos com a rede de revenda, a inversão ajudou a manter o etanol mais competitivo, enquanto seguravam a gasolina ao máximo que puderam já que o consumo não dava saltos.
Petróleo-gasolina
A partir de hoje, a Petrobras retirou R$ 0,9 do valor da gasolina na refinaria. Mas o movimento tem um deley de uma semana para mais, explica Martinho Ono.
O petróleo cedeu bastante na quinta passada (23), com os dados elevados dos inventários dos Estados Undos, depois de máximas de US$ 75 o barril em Londres o mês passado. Na faixa dos US$ 68, com a leve recuperação neste primeiro dia da semana, ainda não é tão competitivo, além do que também há um atraso no corte da Petrobras, se houver, e também um atraso até que chegue à bomba.
Em paralelo, os países produtores reunidos na Opep deverão se reunir nas próximas semanas para decidirem se mantêm ou não o corte na produção. Com o barril no patamar atual, não é um cenário provável imaginar que a produção volte a crescer.
E o dólar acima dos R$ 4, nervoso com os cenários externo e interno, pode voltar à sua inflexão de alta.
Então, o fundamento via combustível fóssil continua favorável ao etanol.
Açúcar
Voltando ao adoçante, a tela principal da ICE,em Nova York, fechou em leve alta nesta segunda, por ajuste de posições, mas está abaixo dos 12 c l/p. O outubro, 12.05 c l/p.
Não apresenta volatilidade de alta.
E o prêmio do etanol, contra o açúcar Nova York, estava em 12,71%.
Para o CEO da SCA, olha lá se na virada do meio de ano, o Centro-Sul vá manter a produção de açúcar apenas para selar os compromisso assumidos.
27/05/19
Giovanni Lorenzon
Fonte: Notícias Agrícolas