Fonte: Valor Online
Uma das novidades apresentadas pela Petrobras no breve comunicado sobre o Plano de Negócios 2020-2024 foi a decisão da empresa de divulgar o que chamou de produção comercial de óleo e gás natural. Até agora, a estatal informava o volume total do óleo e do gás extraído dos campos. Agora ela vai, além da produção total, abrir um segundo número, que exclui o gás reinjetado nos reservatórios, o consumo nas próprias plataformas e instalações do E&P (Exploração e Produção) e os volumes queimados nos processos produtivos.
Nas estimativas da companhia para o período 2020-2024, a produção total da empresa passará de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (BOE/dia) no ano que vem para 3,5 milhões de BOE/dia ao fim do quinquênio. No ano que vem, do total produzido, 500 mil BOE ao dia serão de gás natural, dos quais 200 mil BOE/dia serão efetivamente comercializados, enquanto 300 mil BOE/dia serão usados na operação das plataformas para gerar energia, reinjetados ou queimados.
Nos quatro anos seguintes, a estatal comercializará, sempre de acordo com as projeções do Plano de Negócios, metade do gás produzido. Entre 2021 e 2024, a Petrobras prevê produzir sempre 600 mil BOE ao dia de gás, sendo 300 mil devem ser comercializados. O avanço da produção neste período será fruto, portanto, da extração de petróleo, que saltará de 2,3 milhões, em 2021, para 2,9 milhões de BOE/dia em 2024.
O ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) David Zylbersztajn destacou que a decisão da Petrobras de abrir o quanto da produção é efetivamente comercializado garante maior transparência para o mercado. É interessante para a própria empresa. E para o investidor é fundamental, afirmou Zylbersztajn, para quem a maior transparência da companhia está em linha com a expectativa do mercado.
Para se ter uma ideia, de acordo com o boletim da produção de petróleo e gás do país em setembro, publicado pela ANP, foram produzidos 129 milhões de metros cúbicos diários de gás naquele mês. Desse total, apenas 67,1 milhões de metros cúbicos diários (52%), foram disponibilizados ao mercado no período.
Do volume não comercializado, 3,275 milhões de metros cúbicos diários foram queimados nas plataformas de produção. O restante foi reinjetado ou consumido pelas próprias unidades de produção.