Fonte: Portal G1
O governo propôs duas medidas para assegurar a redução de R$ 0,46 no preço do diesel, anunciada
pelo presidente Michel Temer na noite de domingo (27) em mais uma tentativa de por fim à
paralisação dos caminhoneiros que já dura oito dias e provoca desabastecimento em todo país.
A primeira medida é a redução da Cide e do PIS-Cofins, ou seja tributos do governo federal, que
vai gerar uma queda de R$ 0,16 por litro do diesel. Para assegurar essa redução, o governo está
propondo a reoneração da folha de pagamentos, mas, segundo o ministro da Fazenda, Eduardo
Guardia, essa receita não será suficiente para compensar a perda de arrecadação. Ele disse que
outros tributos deverão ser elevados, mas não informou quais serão.
Nesse caso, a conta será paga pelos setores que sofrerem aumento de tributação, ou seja, não
será bancado por todos os contribuintes. “Temos de aproveitar esse momento para caminhar em
direção a uma carga tributária melhor distribuída. Vamos procurar agregar maior qualidade a
carga tributária”, declarou o ministro.
A outra proposta é um programa de subvenção ao combustíveis, que vai assegurar redução de R$
0,30 no preço do litro e que terá impacto nas contas públicas no valor de até R$ 9,5 bilhões,
por meio de subsídios explícitos.
Esses valores serão pagos à Petrobras até o final deste ano, que manterá os preços estáveis
durante 60 dias e, depois em bases mensais, poderá aumentar o preço do litro de diesel se o
dólar, o petróleo, ou ambos, continuarem subindo. Esse programa, por sua vez, será pago por toda
a sociedade, pois entrará no orçamento geral da União – afetando outras despesas para baixo.
O ministro da Fazenda explicou que, para assegurar o cumprimento da meta fiscal de um rombo de
até R$ 159 bilhões (despesas maiores do que receitas, sem contar os juros da dívida pública)
fixada para 2018, o governo terá de usar uma reserva orçamentária de R$ 5,7 billhões e, também,
bloquear outros R$ 3,8 bilhões em despesas que já haviam sido autorizadas. O governo ainda vai
detalhar onde será feito este corte.
Na prática, o governo não poderá liberar os R$ 5,7 bilhões em reserva de contingência para novos
gastos, pois este valor está sendo direcionado para esse programa de subvenções.
Com isso, as chamadas despesas discricionárias (sobre as quais o governo tem controle), entre os
quais as despesas dos Ministérios, serão mais baixas. Atualmente, as despesas discricionárias
consideradas “disponíveis” para 2018 são de R$ 129,473 bilhões. Com essas medidas para subsidiar
o preço do litro do diesel, o limite para esses gastos será menor do que este patamar, e ficará
próximo de R$ 120 bilhões.
No ano passado, quando as despesas discricionárias somaram R$ 124,400 bilhões, houve falta de
recursos para a impressão de passaportes, redução de verba para investimentos federais em
infraestrutura e para as fiscalizações contra o trabalho escravo, que chegaram a ser suspensas
ou reduzidas. A falta de recursos também atingiu as universidades federais, a área de Ciências e
Tecnologia, e ações da Polícia Rodoviária Federal, entre outras.