Economistas dizem que causa da alta da gasolina não é a política de preços da Petrobras

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02/09/2021
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G1 / Jornal Nacional

Faz quatro meses que os preços da gasolina estão em alta nas bombas. E os economistas explicam o porquê.

Nunca foi tão caro encher o tanque. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, que há 17 anos faz um levantamento semanal dos preços dos combustíveis.

De janeiro a julho, a gasolina já acumula alta de 27,51%. A inflação medida no período foi bem menor, 4,76%.

Em fevereiro, o presidente Bolsonaro anunciou a demissão de Roberto Castello Branco do comando da Petrobras. O presidente se mostrava irritado com Castello Branco, que seguia a política de preços internacionais. A Petrobras passou então a ser dirigida pelo general Joaquim Silva e Luna.

Mas a promessa de mudança na política de preços se mostrou vazia.

‘Eu tenho a impressão que ele foi solenemente ignorado. Basicamente ele mandou Roberto Castello Branco para casa, entrou um outro e entendeu a dimensão do problema. Provavelmente o staff da Petrobras falou: ‘olha, se a gente fizer isso a gente vai ter um problema’ e resolveu ignorar o que o presidente mandou ele fazer. Porque, na verdade, tem regras de governança, tem um conselho de administração, tem acionistas. Você não faz aquilo, você não pode obedecer o teu acionista controlador se ele está mandando fazer uma política que é ruinosa para a empresa’, disse Alexandre Schwartsman.

‘O presidente sinalizou que estava trocando o presidente da Petrobras por conta da alta de preço dos combustíveis, mas logo em seguida o novo presidente disse que não era bem assim, que a Petrobras precisa seguir os preços internacionais – ou seja: o novo presidente se comportou como a gente espera que deva se comportar o presidente da Petrobras’, diz Rafael Schiozer, professor da FGV/Eaesp.

Especialistas dizem que, com os preços internacionais do petróleo em alta e o Real desvalorizado em relação ao Dólar, uma interferência brusca por parte do governo na política de preço da Petrobras teria sido desastrosa para empresa. Eles lembram que a simples sinalização de que isso poderia acontecer já causou turbulência no mercado.

Nas últimas semanas, Bolsonaro mudou o discurso. Passou a atribuir ao ICMS, um imposto estadual, a responsabilidade pelos preços dos combustíveis, acima de R$ 7 por litro em alguns estados. Mas as alíquotas do ICMS não mudaram nos últimos meses.

‘Tanto o governo federal quanto os estaduais estão bem apertados do ponto de vista fiscal, então não há muita margem para corte de impostos’, diz Rafael Schiozer.

Os economistas reforçam que os caminhos para a redução do preço do combustível não passam pela ingerência do governo na Petrobras.

‘A solução para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis não é você intervir na Petrobras, e sim você mudar a política tributária e também elaborar políticas públicas que reduzam essa volatilidade do preço do barril no mercado internacional e do câmbio para o consumidor final dos combustíveis’, diz Adriano Pires, economista do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

 

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