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Valor Econômico

O mercado de distribuição de combustíveis caminha para um processo de consolidação nos próximos anos no país. Grandes grupos que se estabeleceram no setor recentemente devem buscar novas oportunidades de crescimento, aponta relatório da Bloomberg Intelligence. A consultoria acredita em uma nova onda de fusões e aquisições de empresas menores.
A Bloomberg Intelligence lembra que cerca de 35% desse mercado é dominado por companhias pequenas, que serão a única alternativa de crescimento para os grupos maiores de agora em diante, já que nos últimos anos o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrou fusões entre as grandes companhias do setor.
Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que, em agosto de 2021, a maior fatia do mercado de distribuição de derivados e petróleo e biocombustíveis estava nas mãos da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, com participação de 27,97%, seguida pela Raízen, com 20,85% e pela Ipiranga, com 18,19%. O restante da cadeia está fragmentado entre empresas menores.
O segmento passou por uma intensa movimentação no país, com a entrada de novas companhias nos últimos anos. Em 2017, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrou a compra, pela Ipiranga, da Alesat, que acabou vendida para a suíça Glencore. Também houve a compra de 30% da TT Work, dona da Petronac, pela chinesa CNPC, e da rede Zema, de Minas Gerais, pela francesa Total. Além disso, a Petrobras se desfez de sua participação no capital social da BR Distribuidora numa operação concluída em julho.
Nesse sentido, os analistas da Bloomberg Intelligence Fernando Valle e Brett Gibbs veem maior probabilidade de aquisições, pelas grandes empresas do setor, de redes menores de distribuição, que sofreram com a queda na demanda por combustíveis na pandemia.
“As quatro grandes empresas, Vibra, Ipiranga, Raízen e Alesat, devem continuar sua estratégia de adquirir pequenas redes independentes, de bandeira branca. A queda no volume de vendas de combustíveis durante a pandemia e a baixa nos juros devem favorecer as grandes redes a fazer mais aquisições”, diz Valle.
O analista lembra que as empresas têm sinalizado ampliação de investimentos em outros negócios, o que dificulta aquisição de fundos para grandes transações na cadeia de combustíveis e favorece a compra de empresas menores
A Vibra anunciou neste mês que vai destinar 30% dos investimentos até 2030 para novos negócios, entre eles a comercialização de energia elétrica, de olho na transição para uma economia de baixo carbono. Já o grupo Ultra, que controla a Ipiranga, está negociando a compra de uma refinaria da Petrobras, a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul.
A própria venda de ativos da Petrobras, segundo a Bloomberg Intelligence, pode favorecer movimentações no mercado de distribuição. A estatal conduz hoje um plano para se desfazer de oito refinarias, metade da capacidade de refino da empresa. Para a consultoria, a entrada de novas empresas no refino vai aumentar a competição entre distribuidoras. A Bloomberg Intelligence aponta que a decisão da Petrobras de alinhar os preços de combustíveis no país ao mercado internacional já contribuiu para a competição, ao permitir o aumento da importação.

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