O Globo
Perspectiva de mudanças no plano de negócios, investimentos em energias renováveis e ampliação do refino foram alguns dos questionamentos feitos por analistas à atual gestão da Petrobras. Diretores da estatal detalharam nesta quinta-feira ao mercado financeiro o novo plano de negócios da companhia que prevê investimentos de US$ 78 bilhões para o período entre 2023 e 2027.
Os questionamentos do mercado ocorrem em meio a declarações de integrantes do grupo de transição do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva de que serão implementadas mudanças no direcionamento estratégico da companhia a partir do próximo ano.
No call com investidores, o diretor de Governança e Conformidade da Petrobras, Salvador Dahan, disse que o acionista controlador da estatal tem autoridade para imprimir suas estratégias na empresa, mas admitiu que o plano de negócios de cinco ano anos é “um processo”.
Dahan destacou que a empresa tem a obrigação anual de produzir um plano quinquenal e que pode ser revisto ao longo do ano:
- O plano não é uma atividade estanque. É um processo. As equipes de toda a empresa são envolvidas. É uma construção e acontece de forma encadeada. O controlador tem autoridade para imprimir as estratégias que entender razoável e necessária, lembrando sempre dos marcos que regem a companhia como a governança e as leis regulatórias que estamos inseridos no Brasil e no exterior – disse ele, ao ser questionado por investidores.
Apesar do foco na produção e exploração de petróleo no pré-sal e na Margem Equatorial, Rafael Chaves, diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da estatal, lembrou que a Petrobras também vai focar em energia renovável. Ele explicou que a empresa terá três pilares, como hidrogênio, eólica offshore (mar) e captura de carbono. O maior investimento em energias renováveis vem sendo apontado por integrantes do grupo de transição como uma das mudanças que serão implementadas pelo novo governo.
-Vamos aprofundar o tema e buscar projetos. É preciso ter uma dupla resiliência, com sustentabilidade climática e financeira. Hoje faz mais sentido focar nessas três áreas – afirmou Chaves.
Outro ponto questionado por analistas foi o investimento na ampliação da capacidade de refino. Integrantes do grupo de transição já afirmaram que é preciso analisar a construção de novas refinarias no país de forma a reduzir a dependência das importações de forma a deixar o país menos dependente das oscilações dos preços internacionais.
Mas a ideia de construir novas refinarias foi descartada pelo diretor de Refino e Gás Natural da estatal, Rodrigo Costa Lima e Silva, durante o call com investidores. - Projetos greenfield (construção de novas unidades) não têm se mostrado com resiliência econômica. Por isso, metade do nosso plano de investimento em refino é em expansão de unidades existentes e em projetos de aumento de eficiência – afirmou Silva.
Nessa área, a empresa analisa a construção de uma unidade no antigo Comperj (hoje Gaslub), no Rio, para produção de lubrificantes, a conclusão das obras da segunda unidade na Rnest, em Pernambuco, entre outros projetos.
O presidente atual da empresa, Caio Paes de Andrade, não participou do evento virtual.