Estadão
O preço do óleo diesel S-10 – motivo de recorrentes ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro, e dos caminhoneiros à Petrobras no ano passado – subiu mais nas refinarias da estatal e na importação, em 2021, do que nos postos. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) demonstram alta de 57% nestes pontos da cadeia, e de 41,5% ao consumidor final.
Essas altas superam em mais de quatro vezes a inflação acumulada de janeiro a novembro, de 9,26%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE. A inflação fechada de 2021 será divulgada amanhã pelo instituto.
Já o aumento de preços da gasolina e do botijão de 13 kg do gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, se manteve equilibrado nos dois elos da cadeia, no ano. A alta da gasolina na produção e importação ficou em 42% e na revenda, em 44%. No caso do GLP, a variação foi de 36% e 33%.
Em 2021, o litro do diesel começou o ano sendo vendido a R$ 3,78 aos consumidores finais e terminou a R$ 5,35, em média. O da gasolina subiu de R$ 4,62 para R$ 6,67. Enquanto o botijão passou de R$ 76,86 para R$ 102,36.
No diesel e na gasolina, outros componentes influenciam os preços finais além dos produtos da Petrobras e de importadores. Antes de chegar aos postos, empresas distribuidoras adicionam etanol à gasolina e biodiesel ao óleo diesel. Os preços dos dois produtos também estiveram valorizados no ano passado. Além disso, são cobrados tributos no meio do caminho.
No refino e na importação, o encarecimento dos produtos é justificado pela valorização do petróleo no mercado internacional e do dólar em relação ao real. Os dois segmentos utilizam a cotação da matéria-prima e dos derivados, além de custos logísticos e câmbio, na hora de definir seus valores de venda. A Petrobras reiteradamente afirma que, apesar da alta significativa dos preços dos derivados de petróleo e das pressões, manterá sua política de preços, o PPI, que atrela os valores dos seus produtos aos de importação.
“Ainda há pessoas que consideram, por desinformação ou outro motivo, que a Petrobras deva ser responsável pela redução de preço. Ela não tem condições de fazer isso. Em 2020, quando o (petróleo) Brent esteve bastante baixo, chegou a US$ 13 (o barril), a Petrobras teve prejuízo por três trimestres seguidos, mas teve de seguir o preço de mercado”, disse o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, em entrevista ao Broadcast, na semana passada.
Segundo a ANP, a participação do segmento produtor de diesel no preço final ao consumidor é de 54%. O biodiesel responde por 17%; os tributos federais, por 6,8%; os tributos estaduais, por 14,1%; e as margens da distribuição e revenda, por 14,1%. Esses dados são de setembro, últimos divulgados pela agência reguladora.
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