Fonte: Estadão
O governo federal autorizará em junho o setor de biocombustíveis a emitir debêntures incentivadas e captar recursos estimados em até R$ 62,3 bilhões por ano. A operação vai financiar os primeiros investimentos para implantação do RenovaBio, a nova política de combustíveis renováveis. Os recursos devem ser utilizados inicialmente para aumentar a produtividade da indústria sucroalcooleira, estagnada há alguns anos, com a renovação de canaviais, a manutenção e o aumento de capacidade de usinas. Bancos informaram ao governo já terem R$ 9 bilhões desses títulos – chamados de incentivados por não pagarem impostos – prontos para serem negociados no mercado por usinas. As instituições financeiras só aguardam uma portaria autorizando as operações, que deve ser assinada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 17 de junho, data da abertura no Ethanol Summit, em São Paulo.
Além
Etanol, biodiesel, biogás e outros combustíveis renováveis serão o ponto de partida do programa de debêntures. O governo deve autorizar a emissão de títulos para outros elos da cadeia e espera trazer investimentos em infraestrutura e logística. Conta, é claro, com a aprovação da reforma da Previdência para reduzir os riscos da emissão desses títulos.
A gente chega lá
O mercado de softwares de gestão de propriedades movimentou US$ 68 milhões no País em 2018, menos do que os US$ 419,5 milhões dos Estados Unidos. Em cinco anos, isso mudará, aponta estudo da empresa de inteligência de mercado Bis
Research
O crescimento será de 164,5% até 2023, com US$ 180,4 milhões. Já os EUA terão avanço de 118%, a US$ 914,9 milhões.
Na frente. Quem domina este mercado no País hoje é a John Deere, com 31% de participação (dados de 2017). Depois vem a Trimble, com 19,7%, e em terceiro a Monsanto (agora Bayer), com sua divisão The Climate Corporation, de 15,3%. A SST Software, do grupo britânico RELX, tem 10,1% dos negócios deste segmento no Brasil e a sueca Hexagon, 6,9%.
Notas verdes
O escritório Vieira Rezende Advogados trabalha com entidades do agronegócio as regras que permitirão aos produtores emitir títulos verdes ou green bonds. Empresas já contam com tais parâmetros e utilizam o recurso, mas não os agricultores, diz Celso Arbaji Contim, sócio do escritório. Os papéis podem ser emitidos por quem pratica ações que beneficiem o meio ambiente ou reduzam efeitos das mudanças climáticas.
Quem quer dinheiro?
No mundo há mais de US$ 1 trilhão em mãos de investidores internacionais, como fundos de pensão e bancos, dispostos a aplicar reservas em empresas e projetos "verdes”, explica Contim. Quando as regras forem definidas, produtores brasileiros poderão acessar tais recursos. Ainda não há data para isso.
Já aqui...
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura lança amanhã um vídeo em defesa do Código Florestal e contra mudanças em tramitação no Congresso Nacional. Representantes de entidades do agronegócio, do setor florestal e de ambientalistas alertam para os riscos de desmonte da Lei 12.651 de 2012, que criou o Código.
Somos contra
"Não somos favoráveis a alterações no Código Florestal”, diz Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que integra a coalizão. "O que temos de fazer agora é implementá-lo, e não mexer nele, pois cria insegurança jurídica e passa uma imagem ruim aqui e lá fora.”
Sem reserva
As medidas mais importantes estão na MP 867/2018, aprovada em comissões na Câmara e no Senado, que prorroga o prazo para o produtor aderir ao Programa de Regularização Ambiental e redefine o marco temporal – ou seja, a partir de que data o desmatamento será considerado irregular ou não. Hoje é 22 de julho de 2008. Outra polêmica proposta é o PL 2.362/2019, dos senadores Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e Marcio Bittar (MDB-AC), que revoga o capítulo do Código Florestal referente à reserva legal obrigatória.
Sustentável
A Mondelez já tem 43% do cacau adquirido pela companhia por meio do Cocoa Life, programa próprio que garante que a matéria-prima seja proveniente de fonte sustentável. A dona da Lacta no Brasil pretende incluir a marca no programa até o fim do ano e, até 2025, a Mondelez quer que 100% das marcas de chocolate da companhia sejam produzidas com cacau sustentável. Em 2018, o Cocoa Life alcançou 140 mil agricultores de 1.400 comunidades no mundo.
A todo vapor
A Rumo transportou no primeiro trimestre 5 milhões de toneladas de produtos agrícolas pelas ferrovias da Operação Norte, que conecta Mato Grosso a São Paulo. O volume cresceu 12,9% ante os três meses do ano passado. O começo antecipado da colheita da soja contribuiu para o avanço, segundo a empresa. Só de soja, a Rumo movimentou 3,7 milhões de toneladas no período, 22,8% mais do que entre janeiro e março de 2018.
Pelos trilhos
O trecho que liga Rondonópolis (MT) ao Porto de Santos (SP) tem proporcionado bons resultados para a companhia, diz Darlan Fábio de David, vice-presidente da Operação Norte da Rumo. A empresa vem investindo em logística e segurança da operação para aumentar a eficiência da ferrovia. Em Santos, a Rumo atingiu participação de mercado de 51% no primeiro trimestre, ante 48% em igual período de 2018. "A ferrovia é a melhor solução para o transporte de commodities agrícolas em trajetos de longa distância”, diz.