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Fonte: O Globo

O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda Soares, disse que o setor enfrenta em São Paulo a concorrência desleal de, aproximadamente, 150 postos de combustíveis comandados pela facção criminosa PCC. De acordo com Soares, o crime organizado coloca os preços dos combustíveis abaixo da média do mercado para aumentar as vendas e maquiar a lavagem de dinheiro. A informação foi divulgada durante o seminário “Ilegal, e daí?”, sobre ilegalidade, pirataria e contrabando, realizado ontem pelo GLOBO, em parceria com Extra, Valor e Época, no Hotel Prodigy, no Centro do Rio.
— Começamos a mapear, com ajuda de grandes distribuidoras, que postos que praticavam concorrência predatória haviam mudado de dono, mas continuavam usando as suas bandeiras, mesmo comprando de outras companhias. Receptavam caminhões com combustível roubado e, quando as autoridades iam até lá, as ameaçavam. É uma fiscalização muito difícil de ser feita, porque estamos tratando com bandidos — explica Soares.
A descoberta foi feita apartir de uma reclamação sobre concorrência predatória feita por um associado em relação a um determinado posto. Segundo o presidente do sindicato, a principal finalidade dos postos comandados pelo PCC é a lavagem de dinheiro:
— Como a tributação ocorre em cima do faturamento bruto, ele joga o faturamento lá em cima e fala que o posto deu lucro enorme sem ter dado lucro nenhum. O crime está lavando dinheiro ali, de roubo a banco, de assalto a carro forte.
A descoberta desses postos irregulares levou à criação de uma força-tarefa em São Paulo, reunindo Secretaria de Justiça, Ministério Público, Instituto de Pesos e Medidas e Associação Nacional do Petróleo, para investigar essa rede ilegal. Segundo Soares, no entanto, o setor ainda não sentiu resultado “palpável”.
O uso de postos de gasolina pelo PCC é um dos indícios de lavagem de dinheiro pela facção criminosa. Em 2006, a Polícia Civil desbaratou um esquema de venda de combustível adulterado em postos de gasolinas em 44 postos da região metropolitana de São Paulo e no litoral. O esquema de compra dos estabelecimentos seria comandado de dentro do presídio de Presidente Venceslau, no interior do estado. Em 2010, uma operação da Polícia Civil lacrou 13 postos de gasolina pertencentes a Ney Santos, atual prefeito de Embu das Artes. De acordo com o MP, Santos teria “ocultado e dissimulado a propriedade de diversas empresas, adquiridas com recursos provindos direta ou indiretamente do tráfico de drogas”.
Outro dado apresentado no seminário aponta o Brasil na sexta posição de um ranking de 57 países em que fazer o transporte de carga é mais arriscado, realizada este ano pelo comitê de transporte de cargas do Reino Unido — o Join Cargo Committee. O país só perde para regiões conflagradas e em guerra, como Síria, Líbia, Iêmen, Afeganistão e Sudão do Sul.
Para o procurador do Ministério Público Federal José Maria de Castro Panoeiro, as quadrilhas de roubo de carga e contrabando estão estruturadas em cadeias de distribuição, que financiam grupos organizados:
— Essa estrutura funciona como uma empresa. Em geral, ataca-se a ponta, mas isso não resolve o problema porque você prende um receptador que é só uma peça na engrenagem. Você tem que desmontar a máquina, mas precisa de um trabalho de investigação.
Entre os cinco produtos mais roubados nas estradas do Rio de Janeiro está o cigarro. Neste mercado, a indústria estima que metade do que é vendido no país seja resultante de roubo ou contrabando.
O seminário é patrocinado por Enel, Light, Sindicom e Souza Cruz.

 

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