Companhia do fundo Mubadala pretende construir plantas de biometano, etanol de milho e SAF

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Atvos planeja investir R$ 10 bilhões para diversificar biocombustíveis em oito anos 


Após ter ficado quatro anos em uma tumultuada recuperação judicial e ter passado por duas trocas de controle para sanar uma dívida bilionária, a Atvos, que foi fruto de investimentos da Odebrecht (atual Novonor) em 2007, prepara um novo ciclo de expansão industrial. Sob o comando do fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, a companhia planeja investir R$ 10 bilhões nos próximos oito anos para erguer novas plantas de produção de etanol de milho, de biometano a partir de de resíduos da cana e de combustível sustentável de aviação (SAF), a partir de etanol.

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Se concretizado completamente, o plano do Mubadala para a Atvos representará o segundo maior movimento de expansão da companhia. O primeiro foi conduzido pela então Odebrecht para erguer as usinas existentes num intervalo de sete anos, de 2007 a 2014, quando gastou R$ 11 bilhões.

Os novos aportes serão conduzidos pela vice-presidência de Novos Negócios, criada em 2023 pela atual gestão para diversificar o portfólio de biocombustíveis e, portanto, as fontes de receita da companhia. A área é liderada atualmente pelo executivo Caio Dafico, que já teve passagens pelo próprio Mubadala e pela gestora Pátria.

O plano foi mencionado pela Atvos em seu relatório da safra 2023/24, que terminou em março de 2024 e foi divulgado ontem.

O primeiro projeto aprovado pela companhia dentro desse novo pacote é uma planta de biometano anexa à Usina Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul (MS), com investimento previsto de R$ 350 milhões. A unidade produzirá biometano a partir da vinhaça e da torta de filtro que saem como resíduos da usina.

A capacidade instalada da unidade deve ser de 28 milhões de metros cúbicos por ano, e metade da produção deverá abastecer a frota própria de maquinários agrícolas. Segundo informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a obra deve ser concluída em dezembro de 2026.

O plano, segundo a companhia, é que esse biometano substitua metade do consumo de diesel em três usinas no médio prazo, o que cortaria um dos principais custos de produção e reduziria as emissões de gases de efeito estufa da empresa entre 40 mil e 50 mil toneladas de carbono equivalente por ano. Além disso, o resíduo da biodigestão poderá ser utilizado como biofertilizante nas lavouras de cana.

Os novos negócios também preveem plantas de etanol de milho anexas às usinas de cana, resultando em unidades flex (que operam com as duas matérias-primas simultaneamente). A Atvos não detalhou em seu relatório o cronograma de investimentos nessa tecnologia, mas informou que uma unidade estava em fase de desenvolvimento.

No caso do SAF, o investimento deve ser feito no médio a longo prazo e o projeto prevê a construção de uma unidade de bioquerosene de aviação a partir do etanol (rota conhecida como ATJ, ou alcohol-to-jet em inglês). O CEO da Atvos, Bruno Serapião, já vinha mencionando o plano da companhia em investir na área no ano passado.

A Atvos não menciona em seu relatório de onde virão os recursos para financiar essa expansão. Assim que assumiu a empresa, o Mubadala já fez um aporte de capital de R$ 500 milhões, para garantir investimentos em renovação de canaviais e na manutenção da estrutura atual, como parte do acordo com os credores da Atvos para encerrar a recuperação judicial da empresa.

Na safra 2023/24, as despesas de capital (capex) para as áreas agrícola e industrial da Atvos alcançaram R$ 1,4 bilhão, sendo que R$ 733,7 milhões foram destinados para a expansão e renovação de canaviais e R$ 491,5 milhões em ampliações, o que incluiu troca de frota agrícola e outros investimentos.

A Atvos não divulgou seu balanço financeiro da safra 2023/24, mas informou no relatório que sua receita alcançou R$ 7,3 bilhões, seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi a R$ 3,1 bilhões, e a geração líquida de caixa (Ebitda menos Capex) aproximou-se de R$ 1,2 bilhão. O relatório não informa qual o resultado líquido da empresa ao fim do ciclo. Quando saiu da recuperação judicial, em 2023, que abateu sua dívida financeira pela metade, a Atvos tinha uma alavancagem de 1,4 vez.

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