Valor Econômico
A Vibra Energia oficializou a criação da maior comercializadora do mercado livre de energia elétrica do país. Na esteira da transação bilionária anunciada em outubro – que começou com um investimento de R$ 2 bilhões em uma debênture conversível -, a antiga BR Distribuidora confirmou a opção de assumir 50% da Comerc.
De quebra, a Vibra e os sócios da Comerc – a gestora Perfin, o fundador Kiko Vlavianos e executivos – também chegaram a um acordo para aportar a Targus, uma comercializadora de energia controlada pela Vibra desde o ano passado. Com a Targus, a Comerc pula da quarta para a primeira posição no ranking das comercializadoras, passando de 1,9 gigawatts
Ao aportar a Targus na Comerc, a Vibra já começa a mostrar o retorno da aposta do CEO Wilson Ferreira Jr. na transição energética. Há um ano, quando a companhia comprou 70% da capital da Targus, a comercializadora foi avaliada em R$ 90 milhões. Na transação com a Comerc, o valuation da mais que triplicou, chegando a R$ 303 milhões.
Pelos termos da transação, a Vibra injetou R$ 2 bilhões no caixa da Comerc em outubro por meio de uma debênture que será convertida em 30% do capital. Originalmente, a companhia investiria mais R$ 1,25 bilhão – em uma tranche secundária – para alcançar os 50% do capital da Comerc, mas o acordo em torno da Targus reduziu a fatia secundária para R$ 1,1 bilhão.
Nas tratativas com os sócios da Comerc, a Vibra também amarrou uma opção de compra para assumir o controle da companhia entre 2026 e 2028. Os demais sócios da Comerc ficam com um put. Quando anunciaram a transação, em outubro, ainda não havia uma definição sobre a estrutura de call e put.
“Nasce mais um líder de mercado”, disse o Ferreira Jr ao Pipeline, site de negócios do Valor. Maior comercializadora de combustíveis do país, a Vibra não quer perder a hegemonia na energia do futuro.
A Vibra vem construindo uma plataforma multinenergias que também almeja ser líder. Na comercialização de energia elétrica, já nasce como líder no mercado livre com a Comerc. A mesma lógica vale para a comercialização de etanol, um negócio que será feito em sociedade com a Copersucar.
Com o investimento da Vibra, a Comerc terá fôlego para uma expansão que prevê R$ 6 bilhões em investimentos até 2025, com uma capacidade que deve saltar de 121 gigawatts/hora anuais para 3,9 mil gigawatts/hora em cinco anos. Na geração distribuída, a Comerc deve sair de 157,4 gigawatts/hora para 550 gigawatts/hora.
Além dos R$ 6 bilhões em investimentos já previstos, a Comerc conta com um pipeline de projetos que pode adicionar mais 1,1 mil megawatts-pico. “Esse é um ativo que não estava valorado no IPO da Comerc”, diz Ferreira Jr. Quando
Na visão dos executivos da Vibra, o mercado de energia renovável só vai crescer. Com a flexibilização das barreiras de entrada no mercado livre de energia elétrica, reduzindo o porte para o uso desse formato, a expectativa é que 50% possa ser comprado no mercado livre em alguns anos, um salto sobre os atuais 33%. “É esse o mercado que estamos acessando com a transação”, diz Ferreira Jr.