CEO da BR Distribuidora diz que custos com CBios não podem ser ´acomodados´ pelo setor

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Reuters

Os agentes do setor de combustíveis do Brasil devem buscar um equilíbrio para o nascente mercado de créditos de descarbonização (CBios), já que os custos com esses títulos não podem ser acomodados pelo segmento de distribuição, disse nesta quarta-feira o presidente-executivo da BR Distribuidora.

Rafael Grisolia citou custos de 10 a 20 reais por metro cúbico com CBios, e defendeu que o setor privado e o governo obtenham formas de prosseguir com o programa sem que isso traga maiores impactos para os agentes do mercado e o consumidor.

“Isso (o custo com CBio) não é acomodado em nenhuma distribuidora, e é a maior distribuidora que está falando que não é, a maior distribuidora vai agir para que o desenho (do programa) seja cumprido”, afirmou o executivo, durante teleconferência de resultados da BR.

O comentário foi feito no momento em que a Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), que representa companhias menores e não a BR, obteve na Justiça uma liminar para reduzir as metas de CBios no ano, alegando que as finanças das companhias poderiam ser estranguladas pela compra de CBios.

Segundo o executivo, as distribuidoras menores, assim com as maiores, querem cumprir o programa RenovaBio, estabelecido por uma lei, mas ele citou “distorções de curto prazo” neste início da comercialização dos créditos que precisam ser resolvidas.

“Se o preço (do CBio) sobe, e tem que cumprir a meta, (a distribuidora menor) pode não ter o caixa para fazer. Se a BR sente, imagina uma distribuidora menor”, destacou.

Grisolia disse que emissão e a oferta de CBios pelos produtores na B3 não parecem estar no mesmo ritmo, um problema adicional neste primeiro ano, coincidente com a pandemia, em que as distribuidoras tiveram metas definidas de compras de créditos com o propósito de compensar as emissões pelos combustíveis fósseis comercializados.

Um represamento de venda de CBios alegado pelo distribuidores estaria elevando os preços dos créditos de forma a impactar as margens do setor.

Representantes do segmento de distribuição afirmaram anteriormente que o valor do CBio quase triplicou para quase 70 reais ao final de outubro, na comparação com setembro, quando foram revisadas as metas individuais.

“Nós que compramos não vemos a mesma velocidade de emissão de CBios na oferta na B3”, comentou.

Produtores de combustíveis reagiram esta semana à judicialização do processo, que consideram um pedido de “autorização para poluir”, segundo a associação de produtores de etanol Unica.

Com o programa RenovaBio, a sociedade brasileira escolheu arcar com este custo de usar combustíveis menos poluentes, indicou o executivo.

“No final do dia, os preços dos combustíveis fósseis têm de ser impactados… temos que comprar os CBios e vai ser passado, ou deveria ser passado. O entendimento da sociedade é que o preço dos combustíveis vai estar mais caro…”, comentou ele, lembrando que o programa foi desenhado para estimular combustíveis menos poluentes.

Com a decisão judicial obtida pela Brasilcom, ele disse que o programa atualmente tem “assimetrias”, já que parte do setor teve suas metas reduzidas pela Justiça.

Ele disse ainda que, se não for encontrado um acordo e o programa não seguir como foi pensado, a BR vai tomar ações para não ser prejudicada.

“Estamos longe dessa situação, todas as distribuidoras pequenas e grandes, o Ministério de Minas e Energia, governo, ANP, produtores e etanol e biocombustíveis estão querendo achar um equilíbrio”, disse ele, acrescentando que ficaria frustrado se não houver uma evolução natural desse processo, após dificuldades consideradas normais para um primeiro ano.

“A situação tem que ser de equilíbrio para todos os agentes do mercado, não pode ter distorções de curto prazo que prejudiquem alguém, e o consumidor neste meio do caminho fica confuso e os clientes também.”

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