Brasil fortalece agenda de combustíveis fósseis no Brics

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Os onze países do Brics devem se unir para “atacar a demanda” de petróleo e gás ao mesmo tempo em que buscam soluções para descarbonizar sua produção de combustíveis fósseis, defendeu nesta quinta (20/3) o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), durante a abertura da 2ª Reunião de Energia do Brics, em Brasília.

“No setor de óleo e gás, o planeta clama por redução nas emissões de gases de efeito estufa. Precisamos, juntos, atacar a demanda do petróleo e gás”, discursou no encontro dedicado a discutir o futuro da cooperação energética do bloco.

“O petróleo brasileiro possui uma das menores emissões do planeta. Mesmo assim, queremos ampliar a aplicação de tecnologias como captura e estocagem de CO2 (CCUS), para redução da queima de gás, e a eletrificação das operações offshore”, completou.

Segundo Silveira, o objetivo é manter a relevância do O&G brasileiro no curto e médio prazo.

Atualmente, o Brics é um grupo de países do Sul Global formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e, mais recentemente, Indonésia.

O bloco soma uma produção conjunta de 42 milhões de barris de petróleo por dia (boe/dia), segundo dados do Departamento de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês). É o correspondente a pouco menos da metade da produção mundial de cerca de 100 milhões de boe/dia.

Para o governo brasileiro, os países ricos devem ser os primeiros a abandonar os combustíveis fósseis, permitindo que as nações em desenvolvimento explorem seus recursos naturais para desenvolvimento econômico e investimentos para transição energética justa.

Fósseis na transição justa

Além de ser composto por grandes produtores de petróleo, o bloco foi formado por economias altamente dependentes de carvão, o que adiciona alguns graus de dificuldade quando o tema é abandonar combustíveis fósseis.

Desde a presidência do G20, em 2024, o Brasil tem adotado o discurso da transição justa e gradual, sinalizando demandas de países que ainda precisam combater a pobreza e expandir o acesso a energia – um fator de desenvolvimento econômico.

“A energia é estratégica, imprescindível em nossas economias e sociedades. Juntos, países do Brics, representamos 50% da produção e do consumo global. É nossa responsabilidade buscar um equilíbrio entre segurança energética e desenvolvimento sustentável, com uma transição para o futuro da economia de baixo carbono”, disse o ministro na abertura da reunião.

Pode frustrar organizações preocupadas com a influência do lobby dos combustíveis fósseis na conferência climática das Nações Unidas, marcada para novembro em Belém, no Pará.

Presidente da COP30, o Brasil já expressou que pretende utilizar a articulação do Brics para alcançar resultados na cúpula do clima, especialmente em relação ao financiamento para emergentes.

O tema também entrou no discurso de Silveira nesta manhã.

“O financiamento da transição energética, por exemplo, é um desafio central para todos. Serão necessários recursos para viabilizar investimentos em infraestruturas, energias renováveis e pesquisa mineral para substituir as cadeias essenciais à transição. Sem financiamento adequado, a transformação dos nossos sistemas energéticos será mais lenta e desigual”.

Foz do Amazonas antes da COP30

Ainda nesta quinta, Silveira disse a jornalistas que espera que a licença para a Petrobras perfurar a Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, saia antes da COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém.

“Quem tem fome tem pressa. E o Brasil é um país com muitas desigualdades, com muitas necessidades, em especial de investimentos em áreas prioritárias, que são inclusive dever funcional do Estado”, afirmou a jornalistas após a abertura da 2ª Reunião de Energia do Brics.

O ministro tem pressionado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pela autorização da perfuração exploratória na região.

“Estou esperando, como eu disse, de forma serena, mas ansiosa. Porque, repito, o governo do presidente Lula tem um foco que é combater a fome, a miséria, fazer inclusão social, construir uma sociedade mais justa”.

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