BNDES de olho nos combustíveis sintéticos

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EPBR

Projetos de combustíveis sintéticos, como SAF (combustível sustentável de aviação) e metanol verde, que usam hidrogênio renovável como insumo, devem receber a atenção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sinalizou o presidente da instituição de fomento nesta quarta (22/11).
“O que é o nosso desafio em relação ainda à matéria energética? É dar um salto em termos de agregação de valor. É partir para os combustíveis sintéticos (…) Fazer essa passagem, fazer o hidrogênio verde. Estamos conversando com a Vale e com a Petrobras”, afirmou Aloízio Mercadante durante live do Valor.
Na avaliação de Mercadante, o Brasil possui uma vantagem extraordinária para competir na área do hidrogênio verde, e poderia ser capaz de estimular a chegada de indústrias que utilizem o energético para descarbonizar suas atividades.
“Estamos indo agora com o presidente [Lula] para o mundo árabe, depois vamos até a Alemanha, para tentar buscar atrair esses investimentos em áreas estratégicas, utilizando essa nossa matriz, que é uma vantagem competitiva”, contou.
Outra área de interesse é a eletrificação das frotas de ônibus que fazem o transporte público das cidades brasileiras, como estratégia de desenvolvimento industrial. Leia na matéria de Gabriel Chiappini
Demanda por novos combustíveis em alta
O transporte aéreo já está demandando SAF, e o frete marítimo promete aquecer o mercado de metanol verde já nos próximos anos.
Também nesta quarta, a transportadora dinamarquesa Maersk anunciou o primeiro contrato em larga escala da indústria de navegação para a aquisição de metanol verde.
O acordo prevê o fornecimento de 500 mil toneladas do combustível à base de hidrogênio renovável da chinesa Goldwind, a partir de 2026. O metanol verde abastecerá as 12 primeiras embarcações de grande porte da Maersk habilitadas para o produto.
Este ano, a companhia recebeu seu primeiro navio porta-contêiner preparado para navegar com o produto renovável. A embarcação com motor bicombustível foi construída pelo estaleiro Hyundai Mipo, em Ulsan, na Coreia do Sul, e fez sua viagem inaugural em direção ao porto de Copenhagen, na Dinamarca, no início de setembro.
Com meta de atingir zero emissões líquidas em 2040 em todos os seus negócios, a Maersk pretende transportar um mínimo de 25% da carga marítima utilizando combustíveis verdes até 2030, em comparação com uma base de referência de 2020.
Para isso, está firmando contratos de fornecimento com produtores ao redor do mundo, em uma estratégia que busca reduzir riscos de fornecimento — o metanol verde ainda não é produzido em escala e é mais caro que o combustível marítimo convencional.
Destravar recursos para financiar a transição energética é um desafio no Brasil e no mundo – e um dos tópicos que prometem esquentar os debates na conferência climática da ONU, COP28, que começa semana que vem em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Nesta quarta, o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, convocou os membros do G20 a liderar o caminho da justiça financeira, agradecendo o apoio do bloco das maiores economias globais ao seu plano de estímulo anual de US$ 500 bilhões para acelerar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A maior demanda, no entanto, é por uma reforma no sistema financeiro global. Para Guterres, a atual arquitetura de financiamento internacional é “desatualizada, disfuncional e injusta”.
Gênero só em metade das NDCs
Um recente informe de política da UN Climate Change mostra que só 50% das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, planos nacionais de ação climática) incluem ações de adaptação relacionadas ao gênero.
Por outro lado, há uma mudança de paradigma nos planos de adaptação às mudanças climáticas em todo o mundo.
O levantamento identifica um reconhecimento crescente das vulnerabilidades únicas enfrentadas pelas mulheres diante da crise climática, e das contribuições-chave das mulheres para uma adaptação eficaz.
Cerca de 95% dos atuais Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e 71,4% das Comunicações de Adaptação incorporam ação de adaptação baseada em gênero.
Curtas
Roteiro para regular CCS
Está na pauta da reunião da diretoria da ANP de quinta (23/11) um projeto de estudos regulatórios para captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS).
A ANP já regula o acesso ao subsolo para produção e exploração de petróleo e gás natural. Com o avanço do interesse no CCUS no Brasil, a agência estuda antecipar um roteiro para as futuras regulamentações da atividade.
Produtores em defesa do RenovaBio
Produtores de biocombustíveis saíram em defesa da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) nesta semana, após críticas das distribuidoras ao funcionamento do programa.
Na visão de Unica, Bioenergia Brasil e Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind MT), as propostas de reforma no RenovaBio descaracterizam a política de descarbonização a favor de interesses “meramente comerciais” e ignoram fatores externos que impactaram o mercado nacional de combustíveis.
Solar flutuante
O grupo AB Areias inaugurou nesta quarta (22/11) sua usina de energia solar fotovoltaica flutuante em um lago formado pela cava de mineração de areia exaurida em Roseira, no Vale do Paraíba (SP). Segundo a empresa, é o primeiro empreendimento do tipo na América do Sul.
Com investimentos da ordem de R$ 5,3 milhões, a usina deverá gerar uma média de 100 mil kW/h a 120 mil kW/h, dependendo da incidência solar em diferentes épocas do ano.
Eficiência energética
A Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia levou à Casa Civil uma proposta para tornar os prédios públicos mais sustentáveis e eficientes no consumo energético, inspirado no programa PotencializEE, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e a GIZ. A ideia foi apresentada ao secretário adjunto da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Ricardo Buratini.
Conciliação climática
A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) celebraram no final da tarde de terça (21) um termo de conciliação com seis jovens que abriram uma ação judicial contra a União, à época do governo Bolsonaro, pela chamada “pedalada climática”. A conciliação encerra a batalha jurídica iniciada em 2021.

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