Fonte: O Estado de S.Paulo
A alta do preço do petróleo no mercado internacional – após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizar com um possível corte no volume da produção da commodity pela Arábia Saudita e Rússia – não foi suficiente para a Petrobras recuar na decisão de reduzir a produção de petróleo e combustíveis, diante de um consumo em queda e de poucos sinais de recuperação da economia global.
Após Trump escrever nas redes sociais que aguardava uma retração de 10 milhões de barris por dia pela Rússia e Arábia Saudita, as ações das petroleiras saltaram. Os papéis da Petrobras fecharam o dia com alta de 8,5%, na casa dos R$ 15.
A guerra de preços entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia se arrasta desde fevereiro, porque os russos se negaram a negociar cotas de produção com os sauditas. Nos últimos dias, a commodity caiu ao patamar de US$ 20. Mas ontem a queda deu uma trégua. O barril do petróleo WTI para maio, negociado nos Estados Unidos, fechou em alta de 24,67%, a US$ 25,32, enquanto o Brent, produzido na Europa, para junho, avançou 21,02%, a US$ 29,94.
Para a coordenadora de pesquisa da FGV Energia, Fernanda Delgado, o preço é um fator que não muda muito o cenário para o Brasil e para a Petrobrás, já que o problema maior é a retração da demanda. “Mesmo que tenha aumento de preço agora com um eventual corte de produção, não tem quem compre no curto e médio prazo”, avalia. Ela argumenta que o mercado permanece volátil e não há perspectiva de melhora do consumo. “Esse cenário deve manter as medidas anunciadas pela Petrobrás inalteradas”, explica.
Corte. A petroleira anunciou na última quarta-feira um corte de produção de 200 mil barris diários, o equivalente a 10% da sua extração. Além disso, informou que vai reduzir o ritmo das refinarias e reduzir salários e investimentos para preservar o caixa. O investimento projetado para este ano passou de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões.
“A situação do Brasil continua desconfortável. Uma alternativa vai ser vender petróleo cru no mercado interno, para as refinarias. O papel do mercado interno vai ser muito relevante no curto prazo”, afirma o coordenador Técnico do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos do Petróleo (Ineep), Rodrigo Leão. A avaliação é que o barril não foi valorizado a ponto de justificar a retomada de projetos de fora do pré-sal, região ainda competitiva. Em sua opinião, cada vez mais a estatal vai ter dificuldade de exportar, já que os mercados compradores estão fechados.