Barril de petróleo mantém alta com incertezas geopolíticas

‘Em 2023, vamos ter carro elétrico compartilhado’, diz diretor do Itaú
01/02/2022
Americanas e Vibra fecham parceria para exploração de lojas de conveniência
01/02/2022
Mostrar tudo

Valor Econômico

Os preços do petróleo viveram uma nova escalada em janeiro. O barril tipo Brent, principal referência internacional para a commodity, encerrou o dia de ontem a US$ 89,26, alta de 15,4% em relação ao fim de janeiro de 2021. Incertezas sobre a capacidade da produção de acompanhar a recuperação da demanda e tensões geopolíticas na Ucrânia devem ditar os rumos da commodity neste mês, segundo analistas ouvidos pelo Valor.

A cotação média do primeiro mês do ano foi de US$ 84,73, avanço de 53,58% sobre o preço médio de janeiro de 2021, que havia sido de US$ 55,17, segundo cálculos do ValorData. Já os preços do WTI, referência americana para a commodity, encerraram ontem a US$ 86,49. A média do WTI em janeiro foi de US$ 82,18, aumento de 57,77% em relação a igual mês no ano passado.

Especialistas apontam que um dos principais motivos para a alta dos preços é a recuperação da demanda por derivados de petróleo depois dos impactos da pandemia. Mesmo com o aumento de casos de covid-19 em diversos países, o consumo tem crescido a um ritmo mais acelerado do que o aumento da produção, principalmente nos Estados Unidos.

O analista sênior de óleo e gás da Bloomberg Intelligence, Fernando Valle, acredita que o cenário pode levar o barril a ultrapassar a barreira do US$ 100 em 2022. “A recuperação da produção global está aquém do retorno da demanda. Em janeiro, o consumo no Hemisfério Norte foi ainda mais forte devido à crise energética na Europa e no nordeste americano. O frio intenso e a baixa geração energética renovável elevou o preço do gás natural e do diesel”, explica.

Um dos fatores que pode contribuir para novos aumentos nos preços em fevereiro é uma possível redução nas exportações de petróleo e gás natural da Rússia. No momento, os Estados Unidos e alguns países europeus avaliam impor sanções à Rússia devido às ameaças de invasão à Ucrânia.

Os russos são atualmente importantes fornecedores de petróleo para a Europa, além de serem os maiores exportadores de gás natural do mundo.

Analistas alertam que uma eventual queda nas exportações russas de gás levaria a aumentos no custo da energia na Europa, que ficaria mais dependente do uso do carvão e de importações de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos.

“As sinalizações de intenções da Rússia, que propositadamente têm sido ambíguas, vão manter os mercados no limite até que as incertezas diminuam”, afirma o consultor-chefe para assuntos geopolíticos da consultoria S&P Global Platts.

As tendências para o preço do barril neste mês devem ser marcadas também pela reunião entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, incluindo a Rússia, para reduzir restrições à produção acordadas durante a pandemia.

O encontro está marcado para amanhã. A Platts acredita que o grupo deve concordar em ampliar a produção em 400 mil barris de petróleo por dia.

Outro fator que pode ditar os preços são tensões no Orientes Médio e as negociações sobre o acordo nuclear com o Irã. Segundo a Platts, essas questões representam uma “ameaça significativa” para o fornecimento global de petróleo e gás natural e, consequentemente, para os preços.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *