Álcool está mais vantajoso que gasolina em 4 Estados

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Etanol é mais econômico quando seu preço é até 70% o da gasolina; guerra na Europa e reajuste da Petrobras contribuíram

Abastecer com etanol hidratado está mais vantajoso do que com gasolina em 4 Estados do país: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. É o que mostra a pesquisa de preços mais recente da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), feita de 13 a 19 de março.

O preço do álcool torna-se mais vantajoso quando fica abaixo de 70% do valor da gasolina. Esse conceito é usado há muitos anos pelo setor de combustíveis e usado também como parâmetro pelos consumidores. Isso se deve à necessidade de o veículo queimar maior quantidade de etanol para ter a mesma eficiência da gasolina.

A escalada da guerra da Rússia contra a Ucrânia e o consequente aumento de quase 20% na gasolina pela Petrobras contribuíram para esse distanciamento entre os preços.

Paralelamente, o preço do etanol hidratado vem caindo nos últimos meses. O preço médio por litro saiu de R$ 3,72 em novembro para R$ 3,12 em março, uma queda de 16%, segundo o índice CEPEA/ESALQ (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP), principal referência de preço do biocombustível.

Quanto menor o percentual na comparação entre os preços, maior a economia para o consumidor. Dos 4 Estados que ficaram abaixo de 70%, Mato Grosso é o que apresenta a maior vantagem, com 65,4% de equivalência. Em seguida estão Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana de açúcar), afirma que, de fato, a combinação de diversos fatores fez com que o preço do etanol hidratado e também do anidro (misturado à gasolina na proporção de 27%) caísse a partir de novembro.

‘Isso aconteceu porque, antes de novembro, tínhamos uma expectativa de oferta muito restrita de etanol hidratado. Só que em seguida houve uma queda no mercado de combustíveis, o que alterou a relação entre oferta e demanda. O produtor foi, então, ao mercado ofertar mais produto para os consumidores’, disse Antonio.

Segundo o especialista, porém, essa vantagem pode sofrer alterações até o início da próxima safra de cana de açúcar, em meados de abril, de acordo com o comportamento do consumidor. Se a demanda crescer, o preço do etanol também deve subir.

RELAÇÃO DE 70%

Embora ainda amplamente propagada, a relação de até 70% entre os preços do etanol e da gasolina não é mais uma unanimidade. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o desenvolvimento da tecnologia flex fuel -o tradicional carro flex- fez com que cada veículo passasse a ter um rendimento específico.

Esse rendimento ‘varia até mesmo dependendo do motorista’, disse o MME, em nota. No entanto, o ministério ainda usa os 70% como referencial para efeito agregado de demanda e afirma que é o parâmetro utilizado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Já a ANP afirmou, por meio de nota, que não adota nenhum referencial e que os 70% são um percentual usado pelo mercado.

A Anfavea (Associação Nacional dos Produtores de Veículos) faz avaliação semelhante à do MME. Henry Joseph Júnior, diretor técnico da entidade, afirma que essa relação se refere ao poder calorífico dos dois combustíveis e que, com o desenvolvimento dos veículos ao longo dos anos, ela não é mais engessada.

‘O etanol tem 67,8% da energia que a gasolina tem. Para eu ter o mesmo desenvolvimento da gasolina com o etanol, eu preciso gastar mais do biocombustível. Mas na medida em que os carros novos têm eficiência melhor, essa melhora ocorre tanto para a gasolina quanto para o etanol. No entanto, isso varia um pouco de acordo com o tipo de utilização do consumidor. Não é uma regra válida para todo mundo’, disse Henry.

Antonio de Pádua, da Unica, afirma que os 70% são um número ‘cabalístico’ que acabou se consolidando no mercado, mas que essa relação não existe mais. Assim, uma relação entre os preços entre 70% e 80%, por exemplo, também pode ser vantajosa para o consumidor.

‘Depende do motorista, da forma de dirigir, do modelo do carro. Cada consumidor tem a sua conta. Nós fizemos um trabalho atrás num centro de pesquisas e teve veículos que chegaram a 76% de paridade. Houve evolução da tecnologia nos últimos anos’, disse Antonio.

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