Açúcar e etanol: produção acelerada no Centro-Sul pressiona preços e mantém exportações em alta

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JornalCana

A produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil segue em ritmo intenso, impactando negativamente os preços do produto, conforme análise da equipe de Inteligência de Mercado da FVG em seu relatório semanal. A pressão sobre os preços reflete um cenário de alta produção, enquanto o mercado de etanol permanece estável, com uma paridade de 66% em relação à gasolina.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) divulgou recentemente os números da produção quinzenal referentes à segunda metade de julho. O relatório apontou que, apesar dos desafios com a cristalização do açúcar devido à qualidade inferior da cana, a produção acumulada até julho superou em 8,0% o volume registrado na safra anterior.
Esse aumento na produção se deu em resposta à previsão de uma safra menos produtiva no último terço. Como resultado, os contratos futuros com vencimento em outubro de 2024 na Bolsa de Nova Iorque caíram para 17,88 cts/lp na quinta-feira (15), próximos à mínima das últimas 52 semanas. Na sexta-feira (16), o mercado fechou em 18,03 cts/lp, acumulando uma retração semanal de 2,4%.
Mesmo com a alta produção, o Brasil tem mantido um volume expressivo de exportações de açúcar. Entre abril e julho, foram exportadas 11,7 milhões de toneladas, superando as 9,2 milhões de toneladas exportadas no mesmo período do ano anterior.
No mercado financeiro, os fundos especulativos têm mostrado um comportamento volátil. Na última semana, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) relatou que os fundos reduziram suas posições vendidas, passando de 63 mil para 46 mil lotes vendidos, demonstrando cautela diante da situação atual da safra brasileira.
O mercado de etanol hidratado, por sua vez, apresentou estabilidade na última semana, com uma variação mínima de -0,9%, fechando a R$ 2,69 por litro na sexta-feira (16). Desde o início da safra, o biocombustível acumula uma valorização de 10,4%.

As vendas de etanol hidratado também se mantêm robustas. De acordo com a UNICA, na segunda quinzena de julho, foram comercializados 990 mil metros cúbicos, um aumento de 37% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado da safra, as vendas totalizam 7,5 milhões de metros cúbicos, representando um crescimento de 42% em relação ao ciclo anterior.
Essa demanda consistente tem ajudado a manter os preços do etanol, que seguem em uma média de R$ 2,69 por litro ao produtor. Com a expectativa de uma safra mais curta e a paridade favorável em relação à gasolina, há uma possibilidade de elevação nos preços até o final da safra.
Conforme os dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a paridade média do etanol em relação à gasolina no estado de São Paulo, o principal mercado consumidor, permaneceu estável em 66%. A gasolina foi comercializada a R$ 5,92 por litro, enquanto o etanol hidratado manteve-se a R$ 3,92 por litro. Nos principais estados produtores, a paridade média foi de 66,7%.
Esses indicadores apontam para um cenário de manutenção da competitividade do etanol, reforçando o papel do biocombustível no mercado energético brasileiro.

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