Bahia de Valor
Donos de postos de combustíveis e proprietários de veículos que esperavam algum alívio nos preços da gasolina e do diesel com a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, literalmente caíram do cavalo. Neste sábado (5), a Acelen – que comprou a refinaria baiana por pouco mais de R$10 bilhões – determinou um novo aumento dos combustíveis para as distribuidoras. Acreditem: é o quarto do ano em menos de 40 dias. Desta vez, o reajuste praticado pela operadora da Refinaria Mataripe foi de R$0,11 para a gasolina e o diesel.
“Esses aumentos constantes da Acelen estão inviabilizando a economia baiana e penalizando o consumidor, que está sentindo o galopar dos preços, refletindo numa redução drástica do consumo”, diz o presidente do Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniência do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), Walter Tannus Freitas.
Segundo ele, os preços praticados pela Acelen são os mais elevados do país e, nos últimos 12 meses, os postos já demitiram mais de 6.000 trabalhadores. Segundo Tannus, a tendência é de mais demissões, principalmente nos postos de rodovias, “que compram óleo diesel mais caro do país, sem condições de competir com os postos dos estados vizinhos, onde o ICMS é mais baixo”.
Do lado do consumidor, só revolta: “Ruim com a Petrobras, pior, muito pior tem sido com a Acelen”, diz o vendedor autônomo Mauro Frias de Oliveira. Segundo ele, a política de preços da empresa, controlada pelo fundo árabe Mubadala Capital, é um abuso. “Assim até eu compraria a refinaria. Quem está pagando a conta somos nós baianos. Esses aumentos semanais inviabilizam qualquer negócio e acabam refletindo em toda a economia do estado. É preciso reagir”.
O Mubadala Capital assumiu o controle da Rlam em 1º de dezembro. Na ocasião, emitiu uma nota em que o seu presidente, Oscar Fahlgren, assegurava: “Esta nova fase trará oportunidades de crescimento e mais investimentos para que a refinaria aumente a sua capacidade e diversifique a sua produção. O nosso objetivo é criar valor. É gerar uma concorrência positiva para atender o mercado local e beneficiar a sociedade”.
“Cadê a concorrência? Quais benefícios para a sociedade? Por enquanto, só um ator econômico está ganhando neste processo. Não vou mentir não: tomei antipatia dessa empresa. A impressão que fica é que compraram a refinaria e jogaram a conta para a sociedade baiana”, afirma a contadora Márcia Oliveira, moradora do Corredor da Vitória.
Gás de cozinha
Os reajuste também têm atingido outros produtos. Na sexta-feira da semana passada (31 de janeiro), a refinaria privatizada reajustou o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e o querosene de aviação. No caso do gás de cozinha, o aumento foi de R$346,50/tonelada. Para os consumidores, ou seja, quase todo mundo que mora na Bahia, o impacto no preço final foi de R$5. Resultado: hoje, o botijão já custa no estado até – inacreditáveis – R$120.