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Por Armando Avena

Quando se fala em economia na Bahia, tem de se falar na Petrobras. As atividades da estatal são tão importantes que ainda respondem por cerca de 15% da produção industrial, 16% das exportações e 20% da arrecadação de ICMS no Estado. Mas agora é definitivo: a Petrobrás está saindo da Bahia.

Está previsto para dezembro a assinatura da venda da RLAM – Refinaria Landulpho Alves para a o fundo árabe Mubadala que controla também a petroquímica espanhola Cepsa que vai operar a refinaria.

E a estatal deu início também a venda do Polo Bahia Terra, um conjunto de 28 campos de produção terrestre, com 1.700 poços em operação. A etapa de divulgação da oportunidade (teaser) já foi divulgada e a empresa vai colocar à venda a totalidade de suas participações em poços localizados na Bacia do Recôncavo e Tucano, em diferentes municípios do estado da Bahia, incluindo aí acesso à infraestrutura de processamento, logística e armazenamento.
Segundo o Diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Furian Ardenghi, a venda de ativos está relacionada com o plano de desinvestimento da empresa – indispensável para reduzir o alto nível de endividamento – e com a estratégia de focar sua ação no seu core business, a exploração de petróleo em águas profundas e ultra profundas na qual tem a melhor tecnologia do mundo. Furian afirma, no entanto, que a Bahia vai se beneficiar do processo e lembra que a venda dos campos maduros vai permitir que médias empresas entrem no negócio petrolífero e elas precisarão investir aumentando a produção e gerando emprego e renda em várias etapas do processo, pois será uma venda integrada que incluirá toda a infraestrutura logística e de produção.

Furian lembra que nos EUA 25% da produção petrolífera está nas mãos de pequenas e médias empresas, enquanto no Brasil esse percentual é de apenas 5%. Em relação a RLAM, afirma que neste momento se processa a rodada final na qual as empresas que apresentaram propostas tem mais uma oportunidade de fazer uma oferta melhor do que a do fundo Mubadala, mas confirma que a venda deverá ser concretizada em dezembro, incluindo no pacote o Terminal de Madre Deus, o Temadre, que é atualmente o maior porto do Nordeste e que poderá operar cargas de terceiros. O diretor da Petrobras conclui confirmando que a Petrobras não terá mais ativos na Bahia, mas garante que todos os empregos serão preservados embora haja a possibilidade de transferência de trabalhadores para outros estados. A venda da RLAM já é uma realidade, aprovada inclusive pelo STF, e o importante agora é que haja investimentos e desdobramentos naquela que ainda é a mais importante cadeia produtiva da Bahia.

Petrobras anuncia venda de 28 campos de produção terrestres na Bahia

A Petrobras iniciou a etapa de divulgação da oportunidade (teaser) referente à venda da totalidade de suas participações em um conjunto de vinte e oito concessões de campos de produção terrestres, com instalações integradas. Os campos são localizados na Bacia do Recôncavo e de Tucano, em diferentes municípios baianos (Polo Bahia Terra). Desta forma, a empresa vai encerrar suas atividade no estado onde jorrou petróleo no Brasil pela primeira vez.

As empresas interessadas não obrigatoriamente pertencem ao de ramo de petróleo, e, segundo a Petrobras, serão divididas nos grupos A , B, C e D, com empresas do setor de óleo e gás, investidores financeiros, empresas de trading, de downstream e transportadoras de óleo ou gás (logística). A oferta inclui acesso à infraestrutura de processamento, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural.

Essa operação integra a estratégia de concentrar os recursos em ativos na produção em águas profundas e ultra-profundas, onde a Petrobras tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos.

O polo possui cerca de 1.700 poços em operação, 19 estações coletoras, 12 pontos de coleta, 2 estações de tratamento de óleo, 6 estações coletoras e compressoras, 4 estações de injeção de água, aproximadamente 980 km de gasodutos e oleodutos, além das bases administrativas de Taquipe, Santiago, Buracica, Araçás e Fazenda Bálsamo.

Também fazem parte do Polo Bahia Terra dois parques de estocagem e movimentação de petróleo com toda a infraestrutura de recebimento, armazenamento e escoamento do petróleo para a Refinaria Landulfo Alves (RLAM). Contempla também a UPGN de Catu e 10 subestações elétricas. A produção média de janeiro a agosto de 2020 foi de cerca de 14 mil barris de óleo por dia e 642 mil m3/dia de gás. A Petrobras é a operadora nesses campos, com 100% de participação.

Poderão ser incluídas no processo de cessão do Polo Bahia Terra as concessões correspondentes aos Polos de Miranga e/ou Recôncavo, o que será divulgado oportunamente.

As principais informações sobre a oferta e critérios de elegibilidade para a seleção de potenciais participantes, está disponível no site https://investidorpetrobras.com.br/pt/resultados-e-comunicados/teasers.

Perdas para a Bahia

O diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Leonardo Urpia, explica que se trata de uma grande perda para a economia do estado. Além disso, o valor pedido é muito baixo e a venda vai fazer com que uma estrutura que levou 70 anos para ser concluída deixe de ser um capital público e passe a fazer parte do capital privado, com a venda, na maioria das vez financiada com recursos públicos.

Urpia, que é funcionário da empresa e trabalha no Campo de Miranda, que também está sendo vendido, explica que muitas destas áreas ainda produzem porque a Petrobrás fazia investimentos.

Pelo novo modelo de negócios que leva a privatização da empresa, ele explica que, ao contrário desta prática, o atual modelo industrial do petróleo do mundo é predatório, sem investimento nestas atividades.

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