A nova fronteira dos biocombustíveis na Bahia: o etanol de milho

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Correio da Bahia

Carlos Danilo Peres Almeida

No oeste, existe uma produção consolidada, integrada ao cultivo de soja em sistema de rotação, o que garante ganhos de produtividade e sustentabilidade

A Bahia tem se destacado no cenário nacional pela capacidade de gerar energias renováveis. A produção de eletricidade é um exemplo consolidado desse sucesso. De acordo com dados atualizados da ANEEL, o estado ocupa a segunda colocação no ranking nacional, com uma oferta de 13,3 GW em energias solar e eólica. Esse valor supera a produção total das hidrelétricas da Chesf em todo o Nordeste, que é de 10,8 GW. Por uma feliz coincidência, foi na Bahia, em 1955, em Paulo Afonso, que a Chesf inaugurou sua primeira grande usina, que impulsionou a industrialização da região.

A transformação energética na Bahia, entretanto, vai além da eletricidade. Uma nova fronteira igualmente promissora está em processo de consolidação no estado: a produção de biocombustíveis. Como amplamente divulgado, o projeto da biorrefinaria da Acelen, que produzirá diesel verde e querosene de aviação com base na macaúba, segue em ritmo acelerado. E agora, é a vez do etanol de milho.

Mas por que o etanol de milho representa um salto de qualidade? A resposta está em uma combinação de fatores. No oeste da Bahia, existe uma produção consolidada de milho, integrada ao cultivo de soja em sistema de rotação, o que garante ganhos de produtividade e sustentabilidade. Além disso, a região ainda possui um vasto potencial de terras disponíveis para esse fim.

Por sua vez, a produção de etanol de milho se destaca por sua eficiência e flexibilidade. Ao contrário da cana-de-açúcar, que precisa ser processada imediatamente após a colheita, o milho pode ser armazenado, o que permite às usinas operarem durante todo o ano. O modelo industrial também é mais versátil, com usinas capazes de processar diferentes matérias-primas, como milho e sorgo. Outro diferencial está na diversidade de coprodutos, que podem ser usados para ração animal, produção de óleo, etc.

Diante desse potencial, dois grandes empreendimentos foram recentemente anunciados na Bahia: um pela Inpasa e outro pela Impacto Bioenergia, em parceria com a Petrobahia. Quando estiverem em operação, devem adicionar cerca de 1,1 milhão de metros cúbicos por ano à produção baiana de etanol, praticamente dobrando sua capacidade atual. Somados, representam mais de R$ 2 bilhões em investimentos e colocam a Bahia no centro da nova fronteira de biocombustíveis no país.

O momento é promissor. A Bahia é um estado de dimensões continentais e seus recursos devem ser aproveitados estrategicamente para gerar desenvolvimento. Por isso, é fundamental garantir condições propícias para o avanço dos biocombustíveis, com investimentos em infraestrutura, incentivos adequados e apoio institucional. De uma forma ou de outra, o mundo seguirá em direção a novas formas de energia limpas e renováveis. A Bahia tem tudo para ser protagonista nesse processo.

Carlos Danilo Peres Almeida é economista da Fieb

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