Valor Econômico
Preço menor no mercado interno pode reduzir oferta de combustíveis nos próximos meses, mas empresa não vê cenário “dramático”
O mercado de combustíveis apresenta hoje uma “certa desconexão negativa” de preços, com defasagem entre o que é praticado no mercado interno ante o global, e esse cenário pode afugentar o player independente, que importa combustíveis para o país. Segundo o presidente interino da companhia, André Natal, os preços voltaram a subir no mercado externo, mas se mantiveram no mesmo nível no país, o que gerou a defasagem atual.
“Com a defasagem, os volumes secam no mercado e deve-se ter contração na oferta [importada] nos próximos meses, disse Natal, em teleconferência com analistas sobre os resultados do terceiro trimestre, realizada na sexta-feira. No entanto, ele afirmou que a companhia não vê nenhum cenário “dramático” para 2023, disse o executivo.
A Vibra Energia, por sinal, decidiu reduzir estoques de combustíveis, diante do atual cenário de alta de preços, com volatilidade, “indo para o low”, de acordo com o presidente interino da companhia, André Natal. Isso porque, explicou, do ponto de vista de suprimento, a empresa vê uma certa tranquilidade, que baseia a decisão de diminuir suas bandas de estoque. Natal explicou que a decisão está conectada a questões de alavancagem além de não estressar a operação da empresa além do necessário.
No terceiro trimestre, o comportamento dos preços externos foi o oposto do atual, de queda, o que significa para o setor uma perda de estoque de produto. Natal destacou que quando os preços caem rápido, “todos do mercado sabem que virá perda de estoque e tentam compensar com expansão de margem”.
A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia no terceiro trimestre foi a maior da história da empresa, de R$ 215 por metro cúbico (m³) vendido. Na Vibra, a captura de margem se deu com a redução dos estoques da companhia. Ele salientou que no segundo trimestre, quando os preços internacionais também estavam em queda, a Vibra Energia conseguiu fazer margem forte mesmo com importação de grande volume de combustíveis, o que permitiu a colocação no Brasil de produto novo, quadro que se repetiu no terceiro trimestre.
Natal afirmou ainda que a companhia já testou todos os modelos de precificação de combustíveis e as distribuidoras foram resilientes diante da formação de preços da vez, em referência a uma possível mudança do cálculo de preços pela Petrobras.
Segundo ele, a política de paridade de preço internacional (PPI) atualmente utilizada pela Petrobras é uma forma correta de precificação, que torna o mercado mais dinâmico e que “navegaremos bem em qualquer cenário sem precisar gastar energia em antever o que acontecerá nos próximos anos”.
Ainda de acordo com Natal, a queda nas alíquotas de ICMS e a iniciativa do governo federal de zerar PIS/Cofins dos combustíveis reduziram a assimetria tributária no país, o que traz capacidade de fazer margem ou expandir volume. “Eu atribuiria ao fato de que a situação fica menos assimétrica para um ‘player’ sério como a Vibra ou nossos concorrentes”, disse ele.
Na avaliação do executivo, diante do cenário desafiador no mercado externo com reflexos no país, é mais atrativo a um cliente do segmento de postos de combustíveis ou mesmo para a área de business-to-business associar-se a uma distribuidora.
“Ficou mais atraente ser embandeirado”, concluiu o executivo.