Folha de São Paulo
A Vibra Energia faz seu primeiro lançamento de combustível após assumir as operações da BR Distribuidora. A empresa apresenta as novas gerações das gasolinas aditivadas Petrobras Grid e Petrobras Podium, que chegam agora a postos do Rio e de São Paulo. O início da distribuição nacional está previsto para o fim de março.
Segundo a companhia, as novas opções reduzem em até 98% a formação de sujeira dentro do motor e atenuam o atrito entre as partes metálicas em relação à gasolina comum. Com isso, a companhia afirma que há melhora no funcionamento, com consequentes reduções de consumo e de emissões de poluentes.
Os engenheiros, contudo, são cautelosos ao dimensionar os ganhos. A Vibra não divulgou de quanto seria essa possível redução dos gastos com reabastecimentos, nem qual foi o valor investido na mudança.
As melhorias devem ser mais perceptíveis em carros com alguns anos de uso, cujos motores apresentam maiores formações de depósitos. Os testes feitos no Brasil e na Alemanha envolveram motores flex da Fiat e da Ford, além de um Mercedes.
O desenvolvimento considerou o percentual atual de 27% de etanol anidro adicionado ao combustível de origem fóssil. É por isso que a gasolina comum disponível nas bombas é chamada de E27.
A Vibra trabalhou em parceria com a Basf, que elaborou o conjunto de aditivos denominado Tecno 3, com produção na Alemanha. Apesar dos custos de desenvolvimento e de logística, a empresa afirma que a modificação não será repassada aos preços –e nem vai gerar reduções de valores.
Para as distribuidoras de combustível, investir em aditivação significa melhorar a rentabilidade. “O benefício tem que valer a pena para o consumidor pagar aqueles centavos a mais [por litro]”, diz Maurício Fontenelle, responsável pelas áreas de marcas, serviços e desenvolvimento de novos negócios da Vibra.
A empresa tem um contrato de licenciamento com a Petrobras —a validade é de dez anos, podendo ser renovado por mais dez. Portanto, pode usar a marca em seus mais de 8.000 postos espalhados pelo país.
Embora os temas do momento sejam a maior utilização de biocombustíveis e o avanço da mobilidade eletrificada, a Vibra defende a necessidade de se aprimorar a gasolina e o diesel. Segundo estudo mencionado pela companhia, cerca de 40% da matriz energética global ainda terá origem fóssil em 2040.
Nesse ponto, o Brasil pode levar alguma vantagem competitiva, apesar dos gargalos e dos custos que atrapalham a massificação dos veículos elétricos. A alternativa viável está no uso de etanol e de biometano.
Essas opções podem fazer o país ter menor dependência do petróleo em 2040 do que a média global. De acordo com a Vibra, os combustíveis de origem fóssil devem representar por volta de 33% da matriz energética nacional daqui a 18 anos.
Entretanto, os ganhos ambientais dependem do maior uso do etanol — que, por questões de custo, vem sendo preterido pelos donos de carros flex na maioria dos estados.
“O etanol é muito conectado à percepção de combustível barato, mas evoluiu muito”, diz Fontenelle. “É um produto safreiro, essa característica traz as flutuações ao longo do ano.”
O derivado da cana-de-açúcar também receberá uma nova aditivação, que segue em desenvolvimento. O Etanol Grid foi lançado em agosto de 2019, mas só é encontrado com facilidade nos postos de São Paulo.